Por Adriana Moreira
Publicada na revista Em Minas
Recriar e colecionar miniaturas de carros, tratores, motos e aviões pode parecer brincadeira de criança. Mas engana-se quem pensa assim. Chamado de plastimodelismo, o hobby é levado muito à sério por gente grande, que dedica tempo, paciência, estudo e dinheiro para conseguir construir as réplicas. Para os confusos de plantão, há uma grande diferença entre os brinquedos infantis e esse tipo de miniatura que é motivo de paixão para muitas pessoas, já que as peças são reproduções fiéis, produzidas em escala reduzida.
Apesar de ser pouco conhecido pelo grande público no Brasil, esse hobby conta com um adepto em Ouro Preto: o empresário Ricardo Tropia, que há 25 anos conheceu o plastimodelismo em uma revista e viu nesse passatempo a possibilidade de recriar seus próprios carros. “Minha família sempre gostou muito de veículos antigos. Só que tínhamos muitos problemas com mão de obra, o que me deixava insatisfeito. Quando li sobre o plastimodelismo, me interessei muito e resolvi experimentar. Comprei um kit e fiquei deslumbrado. Nunca mais parei de fabricar as peças. Afinal, agora eu não dependo mais do trabalho de terceiros, o que é fantástico nesse mundo pouco conhecido”, comemora o empresário.
Ao longo das mais de duas décadas praticando o plastimodelismo, Ricardo Trópia já produziu cerca de 200 peças. Algumas para a própria coleção e outras por encomenda para colecionadores de várias partes do país. Com o passar dos anos ele também desenvolveu algumas técnicas próprias: reaproveita, em suas miniaturas, materiais que certamente seriam descartados. “As peças não são caras. Fui me aperfeiçoando, fabrico meus próprios kits e vendo para terceiros. Utilizo metal, borracha, massa plástica, lixa, sucata de isqueiro e sucata de computadores, por exemplo. Enfim, uma infinidade de materiais reciclados”, conta.
Para confeccionar as miniaturas, algumas escalas são utilizadas pelos modelistas. A mais comum é a de 1/24, ou seja, as miniaturas são 24 vezes menores que as originais. São muito pequenas e exigem muitos detalhes. Além disso, é utilizada colagem, pintura e toda a reprodução das versões reduzidas dos veículos, além de pesquisas históricas para representar de maneira fiel o carro. Justamente por causa do detalhamento, as peças demandam tempo para serem finalizadas. “Levo, em média, de dois a três meses para terminar uma peça na escala de 1/24. Porém, estou trabalhando na reprodução de um jaguar XK-E 1972, na escala de 1/8. O modelo é muito grande e aumenta o nível de detalhamento. Trabalho nele há oito meses e vou precisar de mais um ano para finalizá-lo. Trata-se da miniatura de um veículo de um colecionador que já me enviou mais de 200 fotos para ter a aparência mais próxima do original”, emplica.
As miniaturas têm estética perfeita e um ótimo acabamento, mas são peças muito frágeis, por isso é importante saber manuseá-las. “Nos concursos que acontecem entre os plastimodelistas, os julgadores já conhecem as técnicas para tocar as peças. Se pegarem nelas de forma bruta, podem destruir em segundos o trabalho de meses”, brinca.
Quem pratica o hobby não é movido apenas pela paixão por carros ou outros objetos. O passatempo traz uma série de benefícios para a saúde dos plastimodelistas, já que desenvolve a coordenação motora, melhora a concentração, exige paciência e conhecimentos em história. “Quando estou trabalhando em minhas peças, me esqueço do mundo. Para mim é uma arte, uma terapia e uma verdadeira técnica de relaxamento”, recomenda o empresário.
Saiba mais:
O plastimodelismo surgiu pouco antes da Segunda Guerra Mundial e ganhou força após o término da Guerra. Mas o modelismo em si, que é a arte de criar miniaturas, pode ser considerado tão antigo quanto à própria civilização. Em toda a história, os modelos foram usados para representar ideias e registrar construções ou objetos. A Segunda Guerra Mundial transformou o plastimodelismo em uma indústria potente assim como um hobby atrativo. No Brasil, surgiu no final da década de 1950. Hoje, lojas especializadas tornam possível a aquisição de kits e materiais para essaa prática, cujo número de adeptos vem crescendo a cada dia.
Facebook do Ricardo Tropia
Fotos - Série de uma de seis modelos de Puma que seguirão essa semana para Alemanha , um trabalho que está sendo executado por mim e o amigo Paulo Henrique Souza .
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