Depois de 45 anos de carreira como fotógrafo, Eduardo Tropia prepara a primeira exposição em que revisa os trabalhos que o consolidaram como um dos grandes nomes da fotografia mineira. A exposição Retrospectiva, que fica aberta ao público de 17 de novembro a 10 de dezembro, na Casa dos Contos (rua São José, 12 – Centro • Ouro Preto/MG) mostra sua evolução no ofício, passando por diversas fases até a consolidação na fotografia autoral, cheia de referências a Ouro Preto e às cidades históricas mineiras.
Foi em 2016, ao preparar a exposição anual do Coletivo Olho de Vidro, que reúne fotógrafos atuantes em Ouro Preto, que Eduardo Tropia começou a revisar seus 45 anos dedicados à fotografia. O tema deste ano foi Olho no Olho, e Eduardo revirou seus arquivos para trazer, novamente, à tona os monóculos, tão comuns no século XX. A memória se tornou vívida, quando seus baús mostraram momentos passados de personalidades de Ouro Preto. A exposição coletiva foi um sucesso, e gerou uma permanência: a Memonóculo, que pode ser vista na Casa Alphonsus (rua São José, 165 – Centro • Ouro Preto/MG) e que estará na Retrospectiva.
Também poderão ser vistos momentos expressivos da carreira do fotógrafo, como as séries Barroco Liberto, Vidra, Murus, oriundas do Coletivo Olho de Vidro e que foram o principal movimento do artista em direção à fotografia autoral. Além disso as fases de fotografia publicitária, para revistas segmentadas, fotojornalismo (que inclui uma passagem pela sucursal da revista IstoÉ em Belo Horizonte, na década de 1990, e como editor de Fotografia do jornal mineiro O Tempo) e fotografias temáticas para projetos culturais e turísticos terão destaque na exposição.
China
2016 é um ano cheio de surpresas para Eduardo Tropia. Além da exposição Memonóculos e da Retrospectiva, o fotógrafo foi convidado a participar da "6th Jinan International Photography", bienal de fotografia na China. Com o tema “O retorno à sabedoria oriental”, o fotógrafo produziu uma série de imagens especialmente para a seleção da bienal, com a técnica utilizada em sua série Barroco Liberto. Uma delas foi selecionada e estará entre as 200 fotos expostas.
Todas as imagens enviadas para a seleção foram feitas digitalmente e unem o barroco de Ouro Preto com as influências chinesas, trazidas de Macau pelos portugueses. Na cidade, pinturas com traços da cultura chinesa podem ser encontradas nas igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Brancos do Padre Faria e de Santa Efigênia. A foto selecionada para a "6th Jinan International Photography" traz, sobrepostas, as imagens da fachada e do interior da Igreja de Santa Efigênia.
O convite para participar da "6th Jinan International Photography" partiu do artista equatoriano Freddy Coelho, por intermédio a ouro-pretana Margareth Monteiro. Ele auxiliou o curador da exposição, o albanês Alfred Mirashi Milot, a selecionar fotógrafos da América Latina. Eduardo Tropia e a fotógrafa Cris Gomes, de Belo Horizonte, são os únicos brasileiros na bienal.
Influências
A sala escura sempre esteve presente na vida de Eduardo Tropia, fotógrafo mineiro premiado e com 45 anos de dedicação à arte de escrever com a luz. Filho do fotógrafo Milton Tropia, Eduardo cresceu vendo de perto o trabalho do pai, conhecido retratista em Ouro Preto. O segundo professor no mundo da fotografia foi Dimas Guedes, geólogo formado pela Escola de Minas da Ufop e que se dedica a registrar a vida cotidiana de Ouro Preto. Outras influências foram Walter Firmo, Alair Gomes, Emídio Luigi, Miguel Aum, Heber Bezerra e Alan Rodrigues.
Eduardo Tropia faz questão de se reverenciar a Cartier Bresson, um dos principais nomes da fotografia mundial. “Com ele, aprendi tanto sobre o encantamento quanto sobre a despretensão da imagem”, explica. A essência do trabalho de Cartier Bresson se reflete na obra de Eduardo Tropia. O fotógrafo gosta de frisar que o olhar é mais importante que o equipamento. É por isso que seu trabalho caminha, naturalmente, do comercial para o autoral.
Serviço
Exposição Retrospectiva – 45 anos de fotografia, de Eduardo Tropia
• Exibição do documentário Profissão Fotógrafo - Vinte e um fotógrafos mineiros contam histórias do dia a dia dessa emocionante profissão, além de depoimento de como lidar com fatos e com a vaidade humana. Direção de Rogério Costa - produção executiva de Vera Godoi - produtor associado: Ivan D'Albuquerque
• Abertura da exposição: 18 de novembro, às 19h
• Visitação: de 18 de novembro a 11 de dezembro
Na Casa dos Contos (rua São José, 12 – Centro • Ouro Preto/MG)
Visitação: segunda-feira, das 14h às 18h; de terça a sábado, das 10h às 17h; domingos e feriados, das 10h às 15h
Entrada franca