Na noite da última quarta-feira (29), o Cine Vila Rica recebeu a cerimônia de abertura do 10º Fórum das Letras, na histórica cidade de Ouro Preto, a cerca de 90 km de Belo Horizonte. O evento tem como objetivo promover a valorização da literatura, principalmente entre os países de língua portuguesa, por meio da cooperação mútua entre África, Brasil e Portugal. Cerca de 500 pessoas acompanharam a abertura, presidida por autoridades do cenário cultural brasileiro e internacional. Um dos homenageados na cerimônia foi Almiro Afonso, ministro de trabalho do governo João Goulart, que esteve no exílio durante a Ditadura Militar, mas mesmo assim lutou bravamente contra o regime censor.
Também participaram da solenidade o secretário executivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura, José Castilho, que destacou a importância de um evento que impulsiona o gosto pela leitura e que busca levar cada vez mais histórias, livros e autores. Em sua fala, o secretário destacou as metas do Plano Nacional para o incentivo à leitura, seguido pela idealizadora do Fórum das Letras, Guiomar de Grammont, que anunciou a abertura também de um espaço com cerca de 100 livros para a comunidade de Ouro Preto, no Morro de São Sebastião.
A coordenadora fez questão de salientar que a participação da plateia é o que faz o evento ser conhecido como o único do país em que a palavra do público é livre. “Eu queria dizer que esse Fórum das Letras é muito especial também por celebrar a liberdade de expressão, o fim do silenciamento e da supressão da palavra a que muitas pessoas no mundo estão sujeitas”, completou.
Outro motivo de comemoração foi a assinatura da carta de intenção para a criação da Casa Brasileira de Refúgio (CABRA). Trata-se do primeiro espaço na América Latina que abrigará escritores em situação de risco fornecendo estadia, alimentação e todo o apoio necessário para os politicamente perseguidos pelo exercício literário. O projeto é uma parceria entre a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e a International Cities of Refuge Network (ICORN), cujo diretor, Helge Lunde, esteve presente na cerimônia. “Hoje já são 45 cidades, quase todas na Europa, e nós estamos muito agradecidos de Ouro Preto ser a primeira cidade no Brasil a participar dessa rede”, afirmou.
A abertura contou também com o show Olhos de Onda, da cantora Adriana Calcanhotto, seguido por uma conversa entre a plateia e a intérprete. Para o universitário alagoano Julio Cesar Santos, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o Fórum das Letras, além de incentivar a leitura é muito importante para que os envolvidos reflitam sobre a história nacional de forma mais aberta. Para ele, “todo o processo histórico da ditadura até os dias de hoje tem que ser contado, pois de certa forma foi importante para a história nacional”. Veja as fotos https://www.flickr.com/photos/forumdasletrasop/with/15675317212/
A 10º edição do Fórum das Letras de Ouro Preto será realizada até o próximo domingo, 2 de novembro, com o mote “Escritas em Transe”. A programação aborda a liberdade de expressão, censura e silêncio, relacionando todos estes assuntos à produção literária. Toda a programação é gratuita, confira www.forumdasletras.ufop.br
Foto e Texto ETC COMUNICAÇÃO