Bruno Tropia, arquiteto doutorando pela FAU/UFRJ e Professor Substituto no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFOP recebeu nesta quinta-feira, dia 8 de fevereiro de 2018, no auditório da tradicional Escola de Minas, o artista vencedor do Prêmio PIPA 2017, Jorge Fonseca. A palestra – aula final das disciplinas de Plástica, Estética e Teoria e História da Arquitetura 3 – discorreu sobre a Fábula-instalação FIOTIM – O Museu em Movimento; produção artística; arte conceitual; arte contemporânea e a presença de Ouro Preto no panorama artístico nacional.
ACERCA DE JORGE FONSECA E O FIOTIM:
Jorge Fonseca (1966) é mineiro de Conselheiro Lafaiete, ex-marceneiro e maquinista de trem. Artista auto¬didata, foi premiado no 53° Salão Paranaense (1996), no Salão de Arte Contemporânea de Campos (RJ, 1996) e no Salão Nacional de Arte de Goiás (2002). Em 2009, recebeu da Fundação Pollock-Krasner, de Nova York, uma “bolsa de estímulo à produção” – por mérito e conjunto da obra. Atuou também como designer de moda e de móveis, arte-educador, diretor de criação e produção de grupos de artesãos, dirigente de organização não governamental, idealizador e coordenador de projetos sociais e professor convidado, por notório saber, do Departamento de Artes da Universidade Federal de Juiz de Fora. Vive e trabalha em Ouro Preto.
Principais exposições coletivas: “Projeto Macunaíma” (Funarte, Rio de Janeiro, RJ, 1998); “Cotidiano/Arte” (Itaú Cultural, São Paulo, SP, 1999); “Bravas Gentes Brasileiras” (Palácio das Artes, BH, MG, 2000); “Tendências Internacionais” (Espaço Mascarenhas, Juiz de Fora, MG, 2000); “Arte e Erotismo” (Galeria Nara Roesler, São Paulo, Sp, 2000); “500 Anos de Design”. (Pinacoteca do Estado, São Paulo, SP, 2000); “Rumos da Nova Arte Contemporânea Brasileira” (Palácio das Artes, BH, MG, 2002); “Projeto a Imagem do Som” (Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, 2002); “Rumos Visuais” (Itaú Cultural, São Paulo, SP, 2002); “Tudo é Brasil” (Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, 2004); “Arte Brasileira Hoje” (MAM, Rio de Janeiro, RJ, 2005); “6ª Bienal de Arte Contemporânea de Kaunas” – (Lituânia, 2007); “Sonhos, Desejos e Figurações” – (MAC, Niterói/RJ, 2008); “Coleção Gilberto Chateubriand / aquisições recentes” (MAM, Rio de Janeiro, RJ, 2010); “arteBA’ 10 / Feira Internacional de Arte de Buenos Aires” (Argentina, 2010); Quadrienal de Praga (República Tcheca, 2011); SP/Arte (2014 e 2015); Art/Rio (2014); Bola na Rede (Funarte/Brasília, 2014)
Principais exposições individuais: Galeria de Arte Cemig (Belo Horizonte, MG, 1996 e 2008); Projeto Macunaíma (Funarte, Rio de Janeiro, RJ, 1999); Centro Cultural Cândido Mendes (Rio de Janeiro, RJ, 1999); Galeria Celma Albuquerque (Belo Horizonte, MG, 2000); Galeria Annamaria Niemeyer (Rio de Janeiro, RJ, 2001, 2004 e 2007); Museu da Inconfidência (Ouro Preto, MG, 2003); Quadrum Galeria (Belo Horizonte, MG, 2004), Galeria Thomas Cohn (São Paulo, SP, 2007) Galeria Graphos:Brasil (Rio de Janeiro, RJ, 2011)
Possui obras em importantes acervos e coleções, dentre eles: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Coleção Chateaubriand); Museu de Arte Contemporânea de Niterói (Coleção Sataminni); Museu de Arte Contemporânea de Curitiba; Museu de Arte Contemporânea de Goiás; Museu Afro-Brasil /SP; Centro Cultural Cândido Mendes/RJ; Ângela Gutierrez/MG; Ângela Fragoso Pires / RJ; Anna Maria Niemeyer/RJ; Antônio Grassi /RJ; Arthur Peixoto/RJ; Blue Man/RJ; Carlos Saldanha / RJ; Celma Albuquerque/MG; Ellus/SP; Fernando Luchesi/MG; Frederico Morais/RJ; Irapoan Cavalcanti/RJ; João Luiz Avelar/MG; José Luiz dos Mares Guia /MG; Jovelino Mineiro/SP; Leonel Kaz /RJ; Léo Bahia/MG; Lulu Santos/RJ; Márcio Doctorsl/RJ; Nelson Leirner/RJ; Nelson Eizirik/RJ; Paulo Geyerhan /RJ; Roberto Sequini/RJ; Tadeu Bandeira/MG; Thomas Cohn/SP; Viviane Hentsch/RJ.
FIOTIM – O Museu em Movimento – é uma Fábula-Instalação criada pelo artista mineiro Jorge Fonseca.
Nela, um camelô visita um importante museu em Minas Gerais – o Inhotim – e, presenciando encantado uma verdadeira romaria, descobre ali uma oportunidade de mudar de vida. A partir de então, esse ‘arteiro viajante’ se lança na missão de fazer miniaturas de tudo o que viu. Mesmo sem entender nada daquilo e dispor de poucos recursos, produz, à sua maneira, uma série de souvenirs – imitações dos objetos de adoração – visando ‘tirar proveito’ da fé, da devoção e da comoção que envolve aqueles romeiros contemporâneos, que adentram o paraíso pós-moderno, ávidos por progresso espiritual, sabedoria e conhecimento – a Luz. Nem o rico e exuberante paisagismo do museu visitado escapa ao seu ‘olhar de rapina’. Por sua vez, este personagem ganha um nome – Jorge K –, uma ‘biografia’, personalidade própria e um visual altamente cativante. Torna-se uma performance e se transforma numa atração a mais neste envolvente universo criado por Fonseca. Jorge K até compõe um cordel – “A Proeza do Mineirim” – onde conta a sua história.
As principais referências utilizadas pelo artista na construção desse projeto foram os mascates (camelôs de outrora) e os ‘Gabinetes de Curiosidades’ (pequenos circos sobre rodas, que em tempos antigos percorriam cidades do interior, levando ao público uma exposição de raridades, novas descobertas, além de objetos considerados estranhos na época). É sabido que os “Gabinetes de Curiosidades” foram os precursores dos museus.
O trabalho inicial, que era pra ser uma simples barraca de camelô, foi crescendo e se transformou em um trailer, que abriga uma grande instalação (com ares de circo e parque de diversões, com direito a jardins, aves, paisagens, fontes e muito sonho), perpassada por uma fina ironia, que o artista vem destilando ao longo de vinte anos de intensa produção. Nesse truck cheio de truques, o artista percorre o Brasil, parando em lugares improváveis e gerando acontecimentos inusitados. FIOTIM é, acima de tudo, uma exaltação à Arte e seus artistas geniais. Um obra que te ‘tira pra dançar’. Sejam bem-vindos ao fabuloso mundo de Jorge Fonseca! Ou seria Jorge K?