Carlos Bracher, o Sistema Fiemg e o Sesi receberam convidados para a inauguração da exposição "Bracher: 60 anos de Pintura". A mostra tem apresentação do Secretário de Estado da Cultura Ângelo Oswaldo; e críticas de Olívio Tavares de Araújo; Jorge Amado; Ferreira Gullar; Carlos Drummond de Andrade e Frederico Moraes. A curadoria é do próprio artista.
A mostra apresenta retratos (e autorretratos) – uma de suas marcas registradas – e as séries “Naturezas-Mortas”, “Paisagens Mineiras”, “Van Gogh”, “Siderúrgicas”, “Brasília” e outras obras que representam todas as fases da carreira do artista.
O vídeo "Bracher: Pintura & Permanência" sobre a trajetória do artista tem direção da jornalista Blima Bracher.
A noite foi prestigiada por artistas, jornalistas, intelectuais, amigos e autoridades como o prefeito de Ouro Preto, o Secretário de Cultura e Patrimônio, o Secretário de Turismo, Indústria e Comércio e o músico Chiquinho de Assis. A exposição fica em cartaz até o dia 2 de julho, na Fiemg, na Praça Tiradentes em Ouro Preto.
Fotos e texto: Blima Bracher
CRÍTICAS Nacionais sobre a obra de Bracher
"Encontrei-me com Minas Gerais através da pintura de Carlos Bracher. É o maior elogio que, de coração, lhe posso fazer. Viva Minas."
Carlos Drummond de Andrade
“A Bahia vai finalmente conhecer e amar a obra de um dos grandes da pintura brasileira contemporânea. Mineiro de Juiz de Fora (em sua pintura, o poeta Carlos Drummond reencontra Minas), paisagista incomparável, retratista de força indômita (“A tua mão, pintor, e a fúria tua pincelando meu rosto” – canta Affonso Romano de Sant’Anna num poema sobre a pintura de Carlos), autor de naturezas-mortas onde violinos, as flores e os jarros se harmonizam na cor de Ouro Preto, ouro e sangue misturados. Que dizer desse mestre brasileiro? (...)”
Jorge Amado
“(...) Inquieto por temperamento, Bracher não usa de cautela e cuidados para realizar seus quadros. Joga-se neles, seguro de seu domínio técnico, num mergulho definitivo, de que pode ou não resultar a obra satisfatória. Se não resulta, apaga tudo e começa de novo, com o mesmo ímpeto, movido pela necessidade de colher a beleza no mesmo momento em que ela, fustigada, emerge à luz (...)”
Ferreira Gullar. Livro “Bracher”, 1989
CRÍTICAS INTERNACIONAIS sobre a obra de Bracher
"Carlos Bracher, pintor brasileiro de 30 anos, bem conhecido em seu País, vivendo em Paris há pouco tempo, encontrou na arquitetura dos grandes telhados inclinados de “Honfleur”, e na catedral de “Chartres” uma fonte fecunda de inspiração. Seu estilo severo e despojado nada sacrifica à moda; formas simples e rudes ao mesmo tempo esguias e pesadas, um cromatismo sombrio limitado ao azul e ao verde se aplicam à árvore e à pedra que uma luminosidade lunar vem sublinhar”.
Geneviève Breret. “Le Monde”. Paris, 1970
“(...) Vindo diretamente de um país do sol é este artista seduzido pela luz tamisada e doce da lle-de-France, pela poesia rigorosa de suas catedrais. Deste amor intenso, brotou uma série de quadros dominados pelos azuis dos vitrais, o cinza, o preto, o branco da pedra. Sua obra, ao mesmo tempo discreta e forte reflete uma realidade conduzida às suas dimensões essenciais, se exprime em grandes ‘aplats’ vigorosos, quase severos, procura uma verdade despojada dos adornos do estilo flamboyant. Carlos Bracher é um pintor austero, cheio de intransigências diante dos efeitos fáceis, dizia Cristiano Lima, jornalista português. É defini-lo muito bem. Sua austeridade seduz pela transposição sobre a tela das grandes obras da arquitetura francesa, sabendo ao mesmo tempo respeitar as dimensões humanas”
Francine Poirier. “Le Figaro”, Paris, 1970
“(...) Através de suas telas sobre a Catedral de Chartres ou os telhados de Paris, adivinha-se o gosto pela pureza das linhas que sobem para o céu e que dão ao conjunto um rigor grave, que descambaria para a rigidez se ele não utilizasse toda uma gama de azuis e verdes (caros a Cézanne) que modulam o todo.”
Monique Dittière. “L’Aurore”, Paris, 1970