Por Chico Bastos*
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Serão três dias de programação cultural dedicada ao arquiteto, professor, escritor, cronista, historiador e pensador mineiro, que dirigiu o IPHAN em Minas Gerais por 30 anos
Uma importante celebração da cultura mineira vai acontecer na próxima semana. É o COLÓQUIO SYLVIO DE VASCONCELLOS - 100 ANOS, com ampla abordagem temática, para divulgar e dar continuidade a uma série de estudos e ensaios sobre a obra intelectual e criativa do renomado pensador mineiro, hoje dispersos em jornais, periódicos e até em documentos inéditos.
Riqueza de informações, originalidade, profundidade e diversidade de assuntos embasaram a obra do professor Sylvio de Vasconcellos. Centrado na história de Minas, seu legado é, por todos os ângulos, admirável: inovador; erudito; denso, mas cheio de leveza; detalhista; ancorado em pesquisas próprias de quem punha o pé na estrada e se jogava inteiro na tarefa de decifrar o Brasil moldado pelo ouro mineiro.
Como professor e pesquisador, seu trabalho tem grande importância para a preservação do patrimônio histórico e artístico brasileiro. Publicou, entre outros clássicos, Vida e Obra de Antônio Francisco Lisboa e Mineiridade, um ensaio de caracterização sobre o peculiar jeito mineiro de encarar a vida. Como arquiteto, sua obra concentra-se basicamente em Belo Horizonte e, também nessa área, exibe características próprias do modernismo brasileiro. Aliás, Sylvio avulta, aí, junto com Lúcio Costa, na avaliação crítica da arquitetura mineira nos séculos XVIII e XX.
Em artigo que publiquei aqui, em março passado, lembrei que ainda havia tempo para que a cultura mineira lhe prestasse a homenagem que, infelizmente, ele não pôde receber em vida, pois faleceu precocemente, aos 62 anos, em Washington. Seu exílio “voluntário” foi forçado pela aposentadoria compulsória, durante a ditadura. Após o seu desaparecimento, em 1979, estudos sobre a sua contribuição para a cultura nacional tornaram-se escassos, fato que a realização do Colóquio busca reverter, como forma de iniciar um processo de colecionar, qualificar e divulgar o seu legado.
Com apoio do BDMG Cultural, o COLÓQUIO SYLVIO DE VASCONCELLOS - 100 ANOS é uma iniciativa da Escola de Arquitetura, de que Sylvio foi Diretor, e tem à frente a professora Celina Borges Lemos, competente curadora da obra intelectual do mestre. E vai reunir especialistas convidados da UFMG, USP, UNICAMP, UFBA e UFSC, que têm a obra de Sylvio de Vasconcellos como referência em seus trabalhos.
Em 25 e 26/10, o evento vai acontecer no BDMG Cultural, em Belo Horizonte, incluindo a exposição comemorativa dos 100 Anos, que abre no dia inaugural. No último dia (27), o Colóquio transfere-se para a cidade dos profetas de Aleijadinho, no recém-inaugurado Museu de Congonhas. O resultado deverá ser publicado em livro e, a partir desta primeira edição, o evento poderá vir a ser realizado bienalmente.
Por três décadas, Sylvio de Carvalho Vasconcellos foi também, o parceiro seguro de Rodrigo Melo Franco de Andrade no antigo SPHAN, respondendo pela Diretoria de Minas Gerais. O trabalho visava a preservação da identidade cultural, patrimonial e histórica das cidades da mineração, no período colonial.
Muito do que Minas conseguiu manter íntegro deve-se, em grande parte, a eles.
*Do Instituto Cultural Diogo de Vasconcellos