Por Angela Xavier
Ouro Preto é cidade nascida do ouro, da riqueza.
Mas onde há muita riqueza há também opressão, escravidão, miséria. Logo há revolta. Traidores e heróis. Cidade capital da Capitania de Minas e da Província de Minas, sede do governo com seu palácio, sua Tropa de Dragões de Cavalaria, sua Casa de Fundição. Também era grande o poder da Igreja Católica ligado ao poder político com influência sobre as mentes e a vida da população. Uma sociedade formada por homens vindos dos quatro cantos do Brasil colônia, da metrópole portuguesa e de africanos trazidos para o trabalho nas minas. Riqueza, arte, superstição, religiosidade. As irmandades laicas foram o grande refúgio da população que se organizou com base na riqueza e na raça: Carmo e São Francisco de Assis, irmandades dos brancos ricos; São José dos pardos; Rosário dos pretos e assim por diante até completar um total de 21 igrejas e capelas espalhadas pelos bairros da cidade. Assim todos pertenciam a uma organização onde tinham apoio nos momentos difíceis, posição e função na sociedade. As mulheres portuguesas vieram depois, quando já havia uma organização básica na administração da cidade.
Antes disto os homens tinham mulheres nativas ou africanas que mantinham mesmo depois de casados com as portuguesas recém-chegadas. Desta maneira, nasceu uma sociedade mestiça, religiosa, pacata e revolucionária ao mesmo tempo.Histórias reais ou imaginárias, vividas ou sonhadas, cotidianas ou sobrenaturais nasceram nesta sociedade ímpar. Aqui, eu me proponho a ser porta voz dos protagonistas destas histórias que não querem ser esquecidos porque fazem parte da memória da cidade. Pretendo relatar uma história por semana e serão muitas semanas, pois percebo que o baú de histórias em Ouro Preto é sem fundo!
Angela Xavier
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