Estudantes da área conheceram história e aspectos construtivos do espaço
O Paço da Misericórdia – Centro de Artes e Fazeres de Ouro Preto recebeu, no dia 25 de agosto, a palestra “Paço da Misericórdia: restauração e reabilitação de edifícios”, do Encontro Nacional de Tecnologia em Conservação e Restauro (Entecor), promovido pelo IFMG - Campus Ouro Preto. Na ocasião, estudantes, professores, restauradores, conservadores e profissionais da construção civil puderam conhecer os detalhes da pesquisa sobre os usos do prédio histórico e como ela se relaciona com as intervenções arquitetônicas de restauro e modernização do espaço, projeto elaborado e gerenciado pela Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (ADOP).
Foram convidados o historiador Bernardo Andrade, responsável pela pesquisa histórica encomendada pela ADOP, e a arquiteta responsável pela obra, Deise Lustosa, da Hexágono Engenharia. Durante o encontro, os dois falaram sobre como a interligação de cada área do conhecimento é importante em trabalhos como o projeto de restauro e modernização do prédio, que data do século XVIII. Para eles, é fundamental nos processos de restauro e modernização, o encontro de diversas áreas do conhecimento, em que a pesquisa oferece dados mais abrangente sobre o bem, e a arquitetura, assim como outras áreas, possibilitam um entendimento maior sobre como foi o processo de construção e as transformações até a atualidade.
Para o historiador, é importante levar ainda mais longe a história do prédio e da pesquisa que realizou, junto com a arquiteta, sobre a importância da edificação enquanto bem cultural do município. “Sou ouro-pretano e convivi com esse prédio desde minha infância, quando ele abrigou a Santa Casa de Misericórdia. Realizar essa pesquisa histórica trouxe a oportunidade de conhecer mais sobre a minha cidade e sobre a relação que ela tem com o prédio, além dos usos que ele teve desde sua construção. Foi muito importante para minha formação enquanto historiador e também enquanto ouro-pretano”, salienta Bernardo.
“Na palestra, pude entender melhor todas as situações e imprevistos que abarcaram a obra do Paço, bem como saber um pouco mais sobre o histórico da edificação, desconhecido por mim, e acredito, que por muitos ouro-pretanos e até colegas de curso”, comenta Sarah de Paula, estudante do curso de Conservação e Restauro do IFMG. A estudante achou válidos todos os métodos adotados na obra, visto que as teorias da restauração levaram em conta todos os valores sentimental e documental do imóvel para a cidade. “O que mais me desperta é manter as principais características arquitetônicas sem a introdução de intervenções contemporâneas [visíveis], que poderiam não ser bem aceitas pela população ou causar grande impacto no visual ‘original’ do Paço”, completa.
O edifício do Paço da Misericórdia – Centro de Artes e Fazeres de Ouro Preto tem uma história antiga, datando do final do século XVIII, quando era conhecido como Chácara do Xavier. Por volta dos anos 1850, a chácara foi ampliada e adaptada para abrigar o Quartel de Polícia Provincial, que funcionou ali durante muitos anos, tornando-se parte da vida cotidiana da cidade, assim como o Quartel dos Dragões, então instalado onde hoje fica o Colégio Dom Pedro II. Em 1885, o prédio foi permutado entre a Câmara Municipal, sua proprietária, e a Irmandade de Misericórdia. A Santa Casa e o Quartel ainda conviveram no edifício até 1893, quando a Força Policial finalmente foi transferida para outro local. Três anos depois a Santa Casa seria entregue às Irmãs Salesianas, que ali instalariam também o Externato de Santana e, mais tarde o Lar São Vicente de Paula. Ao longo do século XX, o Paço da Misericórdia permaneceria como único hospital de Ouro Preto, até ser transferido para outro espaço. Em 2005, o projeto do Paço da Misericórdia - Centro de Artes e Fazeres é idealizado. Já em 2008, a Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (ADOP) iniciou as obras de restauro e modernização do local.
Sobre o projeto de conservação e restauro
Trata-se de um novo atrativo turístico da cidade, que irá proporcionar a geração de cerca de 300 postos de trabalhos, além da possibilidade de divulgação do artesanato local, que terá ampla participação em boxes de exposição e venda de produtos. O novo equipamento turístico conta, também, com uma galeria de arte, restaurante, anfiteatro, estacionamento, pátio para eventos com arquibancada, estacionamento, espaço para feiras externas, salas para oficinas, além de estrutura moderna com fácil acessibilidade.
Crédito de foto: Kaio Barreto/ADOP