Entre os dias 17 e 22 de junho, serão 33 sessões de cinema, com 83 curtas, 6 médias e 15 longas-metragens, incluindo filmes em pré-estreias nacionais, tributos ao passado e resgates históricos, como a exibição da cópia restaurada de “Limite” (1931) pela primeira vez no Brasil e curtas produzidos no contexto escolar
A 10ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto selecionou 104 filmes distribuídos 33 sessões de cinema que acontecem no Cine Vila-Rica, Cine BNDES na Praça e Centro de Convenções. Serão 83 curtas, seis médias e 15 longas. Uma das novidades desta edição é a Mostra Educação, com 40 curtas produzidos por estudantes no contexto escolar .
Além da Mostra Educação, o evento exibe filmes distribuídos nas mostras Contemporânea, Preservação, Histórica e Praça, para longas e médias e as Mostras Preservação, Histórica, Praça, Venturas e Horizontes para os curtas-metragens. Um dos diferenciais da CineOP é o destaque que o evento se propõe a fazer em olhar para o passado no sentido de compreender o presente e pensar no futuro. Por isso, o tema deste ano, O Negro em Movimento, vem permeado de debates e de títulos que dialogam diretamente com o recorte. Estão na programação o curta-metragem “Alma no Olho”(Zózimo Bulbul, 1973) e os longas “Também Somos Irmãos” (José Carlos Burle, 1949), “Ganga Zumba” (Cacá Diegues, 1964), “A Rainha Diaba”(Antônio Carlos da Fontoura, 1974), “A Negação do Brasil” (Joel Zito Araújo, 2001), Ôri (Raquel Gerber, 1989) e “Branco Sai Preto Fica” (Adirley Queirós, 2014).
A seleção da Mostra Histórica, assinada pelo curador e crítico de cinema Cleber Eduardo, tem por objetivo reunir títulos que, de alguma maneira, mostram o negro em combate com as regras sociais e as más condições às quais é submetido, interpelando com o corpo e a atitude política um novo paradigma de relações. A homenagem ao ator Milton Gonçalves, protagonista de “A Rainha Diaba”, que será exibido na abertura do evento, no próximo dia 18, está em sintonia com a proposta.
Ainda a partir de um olhar para o passado, a Temática Preservação vai celebrar o cineasta Gerson Tavares, um dos nomes menos conhecidos ou lembrados da produção brasileira dos anos 1960 e 70. Os filmes de Gerson passaram por processos de restauro, num longo e dedicado processo capitaneado pelo professor e pesquisador Rafael Luna Freire, através do projeto Resgate da Obra Cinematográfica de Gerson Tavares, financiado pela Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro.
O segundo longa-metragem do diretor, “Antes, o Verão” (1968), ganhou uma nova matriz de preservação (contratipo 35mm) e uma nova cópia de difusão em 35mm e em digital (Full HD). O filme será exibido na 10ª CineOP, além de diversos outros títulos do diretor: sete curtas-metragens realizados entre as décadas de 1950 e 1970: “A Petrobrás prepara seu pessoal técnico” (1958); “O Grande Rio” (1959); “Brasília, capital do século” (1960); “Arte no Brasil hoje” (1960); “Gafieira” (1972); “Ensino artístico” (1973); e “Saveiros” (1975), todos telecinados em Full HD e também disponíveis para projeção digital em DCP. No dia 21 de junho, uma mesa vai discutir a obra de Gerson e o caso de restauro de sua filmografia com enfoque em “Antes, o Verão”. O média “Gerson Tavares – Reencontro com o Cinema”, do próprio Rafael de Luna Freire, também será exibido.
Ainda na Mostra Preservação, a exibição de um grande e incontornável clássico do cinema brasileiro: "Limite" (1931), único longa-metragem lançado porMário Peixoto e um dos maiores mitos e referências do cinema brasileiro.. “Considerado um dos filmes mais importantes do mundo, a obra-prima e solitária de Mário Peixoto é também um dos filmes mais restaurados da história do cinema brasileiro. De complexa recuperação, por conta de suas especificidades técnicas e artísticas e de seus problemas de conservação, mereceu desde 1965 intrincados processos de intervenção reparadora, aos quais se somaram os da mais nova versão restaurada, a realizada pela Cinemateca de Bolonha, por intermédio do laboratório L’Immagine Ritrovata, cuja cópia tem a sua primeira exibição no Brasil na 10ª CineOP”, ressalta o curador da Temática Preservação, Hernani Heffner.
Na Mostra Contemporânea, a 10ª CineOP apresenta filmes recentes que de alguma forma dialoguem com a memória e a preservação, 5 médias e 3 longas-metragens estão programados: "My Name Is Now, Elza Soares" (MG), de Elizabete Martins Campos; “Paixão de JL” (SP), de Carlos Nader, premiado como melhor documentário no É Tudo Verdade deste ano; "Retratos de Identificação" (RJ),de Anita Leandro; "O Diplomata" (MG), de Fábio Carvalho e Flávia Barbal, "Joel e Gianni" (RJ), de Maria Rita Nepomuceno, "Vitória F.C" (ES), de Vitor Graize e Igor Pontini; “Verão da Lata” (SP), de Tocha Alves e Haná Vaisman; e “Soul King Nino Brown” (SP), de Leopapel e Guilherme Racy.
Nos curtas-metragens, serão oito mostras: Horizontes, Histórica, Praça, Preservação, Venturas, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. A curadoria dos títulos contemporâneos (Horizontes, Praça e Venturas) ficou a cargo de Francis Vogner dos Reis e Pedro Maciel Guimarães. Em texto sobre a seleção, eles escrevem sobre a especificidade de pensar uma programação para a CineOP: “É escolha da curadoria sempre trazer filmes que apresentem imagens provenientes de outros meios ou que revisitam períodos históricos específicos do Brasil e do mundo. Nossa opção sempre foi pela mescla, como uma forma de reforçar a ideia de que filmes contemporâneos usam com frequência o passado das formas e dos temas como matéria prima de suas narrativas”.
Entre os filmes, estão “A+B=C” (SP), de Steffi Braucks, “A Festa e os Cães” (CE), de Leonardo Mouramateus; “Judas” (SP), de Joel Caetano,“Sociedade do Cloro” (PB), de Ana Bárbara Ramos, “Noites Traiçoeiras” (PE), de João Lucas, e “Dilma” (BA), de Glenda Nicacio, entre vários outros.
A Mostra Educação, uma das novidades desta edição da CineOP, reúne 40 curtas produzidos por alunos no contexto escolar. Serão duas sessões durante a mostra. Segundo a curadora, Adriana Fresquet, “foram trabalhos inscritos e orientados para serem realizados pelo gesto de criação de algum cineasta, especialmente brasileiro. Criamos, assim, categorias nomeadas com a expressão KINO e o nome do cineasta – desde Lumière até realizadores atuais. Limitamos o tempo e apostamos que, deste modo, estaremos colocando em diálogo linguagem e história numa proposta lúdica e possível de produzir na escola”.
Confira detalhes, horários e programação completa no site www.cineop.com.br.