É impossível andar pelas históricas ruas de Ouro Preto sem reconhecer as infinitas belezas de seu patrimônio. As próprias ladeiras de pedras, os museus repletos de cultura, os casarões e igrejas imponentes e tão tradicionais. Tudo isso, luz para os olhos dos ouro-pretanos e de todos os turistas que pela cidade passam, fez com que Ouro Preto tenha o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
No dia 05 de setembro, a cidade comemora 35 anos desse título, concedido em 1980 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A decisão foi tomada na quarta sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em Paris, na França. Dessa forma, Ouro Preto foi a primeira cidade no Brasil a receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
Em entrevista ao jornal O Globo, na edição do dia 03 de setembro de 1980, o então diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Aloísio Magalhães, detalhou os bastidores de como Ouro Preto se tornou Patrimônio Cultural da Humanidade. Segundo ele, a decisão do Comitê foi unânime.
Falecido em 1982, Aloísio participou da reunião em Paris que definiu, finalmente, o título ao município ouro-pretano. Na entrevista, ele salientou “o valor que esta escolha representa para a comunidade de Ouro Preto, para as famílias que, de pai para filho, têm lutado pela sobrevivência da cidade”.
O caminho para a escolha de Ouro Preto como Patrimônio Cultural da Humanidade começou em 1979. Em junho daquele ano, o Itamaraty, como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, encaminhou um dossiê completo sobre o município mineiro ao diretor-geral da Unesco, em Paris.
De acordo com reportagem da mesma edição d’O Globo, o dossiê apresentava um levantamento profundo de toda a história ouro-pretana e sua importância cultural, política e sócio-econômica. Cerca de 400 fotografias também acompanhavam o dossiê. Na ocasião, Aloísio Magalhães destacou a importância do reconhecimento da cidade no plano nacional. “Vai nos ajudar muito para que a comunidade se dê conta do valor do patrimônio e que sua defesa tenha sempre apoio”, concluiu.
Para o atual prefeito de Ouro Preto, José Leandro Filho, “grande parte da preservação deste patrimônio se deve ao entendimento da população, dos moradores de Ouro Preto, do valor imenso que representa o seu imóvel, cuidando dele da melhor maneira possível, fazendo garantir as características do século XVIII”. O prefeito ressalta também o papel do poder público na manutenção da história. “O município vem desenvolvendo um trabalho incessante, com muita dedicação, no sentido de melhorar os espaços públicos, realçar o seu valor histórico e artístico. Exemplo disso, nosso projeto foi contemplado com o PAC das Cidades Históricas (PAC 2)”.
A consagração do título
Na cerimônia da Semana da Inconfidência do ano seguinte, 1981, o então diretor-geral da Unesco, Amadou Mahtar M’Bow, junto ao governador de Minas Gerais, Francelino Pereira, descerraram na Praça Tiradentes a placa alusiva ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade. A placa está fixada na sede da Câmara Municipal de Ouro Preto.
Ao discursar na cerimônia, o diretor-geral da Unesco reafirmou os valores ouro-pretanos que pesaram na concessão do título. “Poucos lugares no mundo merecem, tanto quanto Ouro Preto, a homenagem universal prestada a seu valor histórico e artístico, bem como a qualidade dos homens que fizeram sua fama”, disse.
O prefeito de Ouro Preto à época, Alberto Caram, afirmou que o título concedido ao município constituía o coroamento dos ideais da Inconfidência Mineira. De acordo com ele, os inconfidentes “sonhavam em implantar uma universidade, transformando Vila Rica em centro de cultura ligado às preocupações maiores da inteligência e da formação humanística”.
A manutenção do Patrimônio
Em seu site, a Unesco destaca que, em Ouro Preto, “subsistem muitas igrejas, pontes e fontes que permanecem como testemunhas de seu próspero passado”. A Prefeitura de Ouro Preto tem feito um constante trabalho em relação a manutenção de todo o seu legado cultural e histórico.
A Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio é a responsável por essas ações, muitas vezes realizadas em parceria com o Iphan e governos estadual e federal. Os chafarizes da cidade, por exemplo, estão sendo recuperados. Todo o conjunto arquitetônico do centro histórico, assim como dos distritos, recebe atenção especial. É o caso da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, no bairro Antônio Dias, e da Capela de Nossa Senhora das Dores, em Cachoeira do Campo. Também a Casa da Ópera, mais antigo teatro em funcionamento das Américas, passa por restauração e tem previsão de entrega da obra já no final deste mês.
Compreender a importância de Ouro Preto ser considerada, já há 35 anos, Patrimônio Cultural da Humanidade, é fundamental para que a história do munícipio seja respeitada e valorizada. A Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, por sua vez, reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para a preservação dos tesouros ouro-pretanos e, dessa forma, fomentar cada vez mais o turismo e a economia em Ouro Preto.
Foto: Praça Tiradentes crédito Eduardo Tropia
Divulgação ASCOM/PMOP