Texto: Agliene Melquíedes,Imagens: Agliene Melquíedes
Os estudantes que fazem parte das entidades de base da UFOP se reuniram ontem, às 19h, no campus Morro do Cruzeiro. O objetivo da reunião era transcrever um ofício com todas as demandas a serem colocadas na mesa de negociação. A pauta redigida será apresentada ao reitor, na sexta-feira, às 13h, através do Diretório Central de Estudantes (DCE) que é o órgão representativo dos discentes.
Na reunião também foi decidido que as aulas seriam suspensas de quarta (21) até sexta (23), dia da reunião com o reitor. Após isso seriam retomadas normalmente. A entrada principal, que tinha sido bloqueada por um pequeno muro que os estudantes construíram para impedir o fluxo de veículos dentro do campus, passou a funcionar parcialmente. Tomadas as decisões do DECEB (Conselho Deliberativo das Entidades de Base), os discentes redigiram um comunicado: “Amanhã haverá aula normalmente, sem impedimento do fluxo de carros. Como foi combinado, a manifestação dos alunos duraria um dia. Foi encaminhado também que esse movimento irá continuar com alunos acampando ao redor do Campus em manifesto e, conscientizando todo o Corpo Discente(alunos) sobre a assembleia geral do dia 28/05. Porém, um grupo de alunos que foi contra ao que foi votado pela maioria dos CA's lá presente, decidiu continuar com a metade da entrada da portaria principal fechada (impedida pelo muro lá feito). Que fique claro que a decisão desse grupo( a parte) é particular deles e não representa a maioria dos estudantes."
No site da UFOP, foi postada uma nota de esclarecimento do reitor Marcone Souza, com o intuito de informar as providências tomadas até os dias de hoje em relação á greve dos técnico-adminsitrativo,como as ações paliativas (pagamento de bolsa-alimentação) e os serviços que continuam em funcionamento, como a realização das análises socioeconômicas para a aquisição de bolsas estudantis. A nota fala também das tentativas de negociações, e da consciência da urgência em se resolver a situação, que é extremamente desconfortável. “A Administração da UFOP entende que o diálogo é o melhor caminho para a solução de conflitos. Por isso, não tem medido esforços junto à Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para que as negociações entre as partes interessadas, em nível nacional, sejam retomadas o quanto antes, para o bem do nosso maior patrimônio, que é a Universidade pública, autônoma e democrática.”
Na próxima quarta feira, 28, será realizada uma Assembleia Geral dos Estudantes. A reunião, que será realizada às15h na concha acústica do campus Morro do Cruzeiro, tratará dos pontos a serem ainda discutidos pelo DCE, reitoria e técnicos nesta sexta-feira.
Protesto e união
Desgastados com a situação proporcionada pela greve que dura há mais de 60 dias, os estudantes se manifestaram novamente. Com uma fogueira na frente da entrada principal,e um pequeno muro impediram o fluxo de veículos no campus nesta quarta- feira. Cartazes com os dizeres como “Somos palhaços ou estudantes?”, “Estudar sem livro? Pensar com fome? Estudar sem prática?”, “Hoje o almoço é com o reitor” foram expostos. Ao som de alguns batuques, questionavam a ausência dos serviços provocados pela paralisação. “"Ei aluno, o que tá rolando? Os técnicos tão de greve e ninguém ta trabalhando? Ei, aluno, o que aconteceu? A gente tá com fome e ninguém apareceu?" . Alguns pintaram a face com tintas verde e amarela.
Em diálogo com os estudantes, o assessor da reitoria, André Lana, falou sobre as tentativas de diálogo e negociação, que envolve os três segmentos da universidade: alunos, técnicos e docentes. “Quando um segmento para a nossa função é mediar, garantir que as partes conversem, que a mesa de negociação exista, que um ceda e outro ganhe. Assim a negociação é levada, até que o governo federal e o ministério do planejamento delibere sobre a pauta nacional”.Lana falou também das tentativas constantes de negociação, e da incapacidade da reitoria de resolver a situação de maneira imediata. . ‘Nossa função é essa : ouvir , mediar, buscar o diálogo; já que nós não temos a competência para decidir o final da greve”
Túlio Correa, presidente do CA de Arquitetura e participante do CEDEB, falou sobre o objetivo da paralisação, expectativas e dificuldades encontradas na tentativa de negociação. “Nós estamos aqui para fortalecer um movimento que chegue a uma conclusão. Esse diálogo não está sendo feito de maneira eficaz. Precisamos de soluções para agora, é o que estamos tentando fazer com os alunos. Espero sinceramente que consigamos essa assembléia universitária, para que também desburocratize um pouco as discussões aqui dentro. Não é burocraticamente que faremos uma discussão a nível de atender todos os desejos aqui."