Quem passa pela Rua Padre Rolim nas proximidades da rodoviária de Ouro Preto está começando a ver as mudanças na fachada do prédio que abrigou a Santa Casa de Misericórdia da cidade. Em obras desde 2009, o espaço recebeu, recentemente, o início da terceira e última fase da modernização e restauro do que irá ser o Paço da Misericórdia – Centro de Artes e Fazeres de Ouro Preto. Trata-se de um novo atrativo turístico da cidade, que irá proporcionar a geração de 300 empregos diretos e/ou indiretos, além da possibilidade de divulgação do artesanato local, que terá ampla participação nos boxes que estão sendo construídos para este fim no espaço. Nele também estará uma galeria, restaurante, anfiteatro, sala de memórias, e espaço para oficinas. Nessa terceira fase estão sendo feitas a implantação de instalações elétricas, construções dos banheiros e de todo o trabalho externo de consolidação dos pátios, acabamento de pinturas e a reforma da fachada, além de outros trabalhos.
Desde 2008 a Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (ADOP) está à frente da obra de restauro e modernização do espaço, que já foi fazenda e quartel, antes de abrigar a Santa Casa da cidade. A Agência captou R$8,6 milhões junto do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e mais R$2,3 milhões através da Prefeitura Municipal de Ouro Preto como contrapartida para o investimento do banco. Foram necessários, somente para a fase do projeto no papel, dois anos de análises técnicas, adaptações e captação de recursos. De lá para cá, foram realizadas duas etapas da obra: uma de recuperação estrutural para que o prédio não ruísse, executada entre 2007 e 2009; e a segunda em 2012, com o início das ações de modernização estrutural. Desde 2014 a obra aguardava o repasse da prefeitura para poder voltar ao escopo de funcionários ideais e ao cronograma previsto. Em outubro de 2015, através de uma lei articulada com a Câmara Municipal, a ADOP conseguiu que o governo municipal se sensibilizasse com a situação e investisse as parcelas restantes para a finalização das obras.
Para ADOP, esse novo fôlego às obras reafirma o compromisso firmado com a sociedade de Ouro Preto. “É um cronograma desafiador, mas otimista. Temos a garantia da Hexágono Engenharia, que é uma empresa local e licitada para executar esse projeto, de que tudo estará pronto conforme planejamos. O plano segue o cronograma normalmente, estamos agora fazendo todo o acabamento da parte interna e da fachada. É aí que a sociedade ouro-pretana vai poder perceber o avanço que tivemos. É importante observar que no momento não há pendências que possam atrasar essa finalização. Em novembro estaremos entregando para Ouro Preto esse espaço que irá somar de forma mais profissional, orientada e regulada aos ganhos do turismo regional”.
Por ter ficado muito tempo fechado, o prédio precisou de um grande trabalho de escoramento e salvamento da edificação como fase inicial das obras. Foram feitos trabalhos de reforma de estruturas, troca de grandes painéis de pau a pique, e também recuperação de fundações, paredes e telhado. A arquiteta responsável, Deise Lustosa, salienta que o sistema construtivo não foi modificado e que foram mantidas todas as características que puderam ser preservadas. “Nós, de toda a equipe, estamos todos muito envolvidos com a história do prédio e com as descobertas que fizemos aqui. Foi uma aula de história que o próprio prédio nos deu. Nos alegra muito a ideia de que estamos envolvidos na devolução de um espaço tão importante para Ouro Preto”, completa.
Para o coordenador do Comitê de Parceiros da ADOP, Gabriel Tropia, a chegada da terceira fase das obras marca o sucesso das parcerias realizadas. “Quando nós,da ADOP, assumimos esse compromisso de captar e gerir as obras, o local estava em decomposição. Graças a essa enorme parceria entre a ADOP, o BNDES, e a prefeitura nós estamos finalizando a modernização do prédio, o restauro de nossa história, e ainda iremos trazer esses empregos para o município”, comemora.
Capela de Santana
Desde a primeira construção do prédio, no séc. XXIII, ele já contava com a Capela de Santana, cuja restauração deve ser finalizada em dois meses. Nela foram encontradas pinturas, douramentos e pinturas decorativas (marmorizado e flores) no estilo do começo do séc. XIX. Boa parte do edifício era dotada de Pinho de Riga, uma madeira nobre, e a capela foi toda restaurada com esse piso. Além disso, também foram restaurados também o sino e a torre sineira externa do prédio.
Fotos Divulgação