É tradição em terras alemãs. Por lá, especialmente no período da Páscoa, casas são decoradas com figuras de coelhos, guirlandas e ovos. Estes, ainda crus, são esvaziados através de um furo na base e as cascas ocas são pintadas para servir de decoração. Podem, inclusive, ser pendurados nos galhos secos das árvores. Ovos cozidos e tingidos, por sua vez, são espalhados pelo jardim para serem encontrados pelas crianças. Trocar ovos cozidos pintados à mão também já foi tradição de Páscoa em diversos lugares do mundo, antes da introdução dos ovos de chocolate. China, Ucrânia e povos do Mediterrâneo, por exemplo, tinham como hábito dar ovos uns aos outros para comemorar a chegada da primavera.
Foi com um velho Chinês e, mais à frente, em uma colônia alemã no Brasil, entre as décadas de 1980 e 1990, que Asdrubal Senra, professor de Gastronomia do IFMG - Campus Ouro Preto, aprendeu a técnica de ovo-miniaturismo e passou a decorar ovos de galinha. A atividade só se tornou um hobby, contudo, há dois anos. “Não uso esse artesanato para decorar minha casa, somente durante a Páscoa. Depois eu distribuo entre os amigos. Gosto de levar caixas com ovos decorados para as reuniões de família, onde estão meus sobrinhos, irmãos, cunhadas... eles escolhem o que querem. Às vezes, tem até um pouquinho de briga”, conta.
No momento da criação das peças, o professor de Gastronomia não deixa de lado o cuidado com a manipulação dos alimentos e também evita desperdícios. “Não jogo fora nenhum ovo. Todos têm a casca higienizada. As seringas utilizadas para extrair a clara e a gema são sempre higienizadas com álcool, para que não haja risco de contaminação. Depois que extraio a gema e a clara elas são batidas, então as congelo”, explica. O material congelado é para seu próprio consumo e também de amigos, “até porque não consigo comer tanto ovo. Muita gente faz pudim, omelete e suflês com os ovos que eu envio”, brinca.
Na exposição, que haverá quase 200 peças, será possível conferir diversas linhas: francesa, tcheca, caipira, galinhas, Minas Gerais, trabalhos com sementes e guirlandas. A inspiração vem de toda a parte, de Menino Jesus de Praga até Carmem Miranda. “Algumas vezes compro uma bijuteria e a desmonto para aplicar nos ovos depois. Em todas as viagens que faço pelo Brasil afora, procuro materiais diferentes. Tenho montanhas de materiais guardados”. Para tingir, ele usa anilinas vegetais e até mesmo casca de cebola e água de beterraba. O tempo gasto na decoração pode variar de uma hora a dois dias.
A abertura será realizada no dia 17 de outubro, às 17 horas, na Galeria de Arte Ney Cokda do IFMG – Campus Ouro Preto. A exposição ficará aberta à visitação até 31 de outubro, das 9h às 21h, e integra a programação da Semana de Ciência e Tecnologia.
Asdrubal Vieira Senra possui graduação em Tecnologia em Hotelaria pela Faculdade Senac de Turismo e Hotelaria de Águas de São Pedro, além de Especialização em Docência em Turismo e Hotelaria. Atualmente é docente do Instituto Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de Turismo, com ênfase em Gastronomia, atuando principalmente nos seguintes temas: culinária, antropologia da alimentação e culturas alimentares.