A cada 100 empresas abertas, 86 permanecem no mercado após os dois primeiros anos de existência
O estudo “Sobrevivência das empresas no Brasil” realizado pelo Sebrae revelou que Ouro Preto é o município com a maior taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas do país. De cada 100 empresas da cidade em 2012, 86 permaneceram no mercado após os dois primeiros anos de existência. No levantamento foram analisados 454 municípios do país que tiveram 500 ou mais empresas constituídas em 2012.
Além do município, outras 35 cidades mineiras ficaram acima da média nacional. Minas Gerais também tem taxa de sobrevivência acima da média nacional (76,6%), registrando 77,4% de sobrevivência. O aumento das formalizações do Microempreendedor Individual (MEI) chegou a 65% no universo de pequenos negócios brasileiros em 2012 e contribuiu fortemente para as taxas crescentes de sobrevivência nos primeiros anos. Isso porque possui uma taxa de sobrevivência (87%) superior à de microempresas (55%).
Os micro e pequenos empreendedores geralmente estão ligados ao setor de comércio e serviços, que é o que mais gera emprego e renda no Brasil. De 2013 a 2015 esse setor superou os 70% do valor adicionado ao PIB de todo o país. Isso significa que a sobrevivência desses pequenos empresários é muito importante para a economia.
Ouro Preto, por ser uma cidade turística tem uma vocação enorme para esse setor. Em 2013, por exemplo, o número de pessoas empregadas em comércios e serviços correspondia a quase 60% das vagas de emprego ocupadas na cidade, superando as vagas ocupadas na indústria, que inclusive engloba a mineração.
Para a coordenadora técnica da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (ADOP), Jacqueline Guimarães, fatores como planejamento, capacitação e inovação são decisivos para a sobrevivência das micro e pequenas empresas locais. Somente na Agência, desde 2013, quase mil novos MEI’s se formalizaram. “Após analisar esse número crescente de novos empreendedores no município, nós criamos o Núcleo de Produtos e Serviços, voltado somente para oficinas e cursos profissionalizantes, tanto para os empresários e colaboradores que já estão no mercado quanto para os que desejam abrir seus próprios negócios. Nós atribuímos essa colocação no ranking a iniciativas de capacitação como essa, que dão mais chances de sucesso para quem está abrindo as portas”, completa Jacqueline.
Em 2016 a ADOP atendeu cerca de 500 microempresários através das capacitações, muitas delas em parceria com o Sebrae. “Com essas capacitações nós conseguimos apoiar o pequeno empreendedor desde a abertura do CNPJ até o gerenciamento do seu negócio. Nós atribuímos o primeiro lugar do ranking a esse tipo de iniciativa”, comenta.
A pesquisa do Sebrae também verificou que, para 31% dos empresários brasileiros que fecharam o negócio em 2014, os principais motivos foram as despesas com taxas e impostos, os custos e os juros. Esse é um outro ponto que favorece o microempreendedor individual, que paga somente uma taxa mensal de contribuição do INSS referente a 5% do valor do salário mínimo.
Para a microempreendedora Maria de Fátima Viana, dona de uma lanchonete em Ouro Preto há um ano e meio, a formalização ajudou a empresa a caminhar. “É importante regularizar e ter tudo direitinho. Por exemplo, sem o cadastro como MEI eu pagava até mais caro para poder recolher meu INSS, por exemplo. Isso ajuda bastante”, afirma Maria.
Os principais fatores responsáveis pela permanência dos pequenos negócios no mercado indicados pelo Sebrae são planejamento, respeito a capacidade financeira, não misturar finanças pessoais com as da empresa, estar atento à concorrência, fazer controle de estoque, marketing inteligente, buscar novos fornecedores, inovar, buscar capacitação e estar atento aos valores do negócio.