A exposição, retrospectiva dos trabalhos artísticos e dos desenhos técnicos de Zé Pio, promove o resgate de peças industriais e a planificação de estruturas não mais existentes em Ouro Preto: o artista apresenta obras produzidas desde a década de 1970 nas técnicas óleo sobre tela, bico de pena, nanquim aguada, lápis e giz pastel.
O artista
Nascido em 1924 em Passagem de Mariana, Zé Pio mudou-se para o Bairro Antônio Dias, em Ouro Preto, aos 3 anos de idade.
Descendente de família de artistas, músicos e tecelões, desde a infância demonstrou dotes artísticos e boa desenvoltura em desenhos e construções.
Zé Pio estudou no Grupo Marília de Dirceu e no Ginásio Municipal Alfredo Baeta. Junto a amigos, fundou o tradicional Guarani Esporte Clube de Ouro Preto, em agosto de 1938.
Em 1943, começou a trabalhar na Companhia Eletroquímica Brasileira S.A. (Elquisa) como aprendiz de desenho técnico e topografia. O desenho técnico e a procura pela perfeição produziram verdadeiras obras de arte nas pranchas. Nos arquivos da Elquisa/Alcan foram catalogados e arquivados mais de 3.500 desenhos de sua autoria.
Na empresa, teve contato profissional com engenheiros e professores da Escola de Minas de Ouro Preto, que sempre o incentivaram e o associaram a projetos de edificações, instalações industriais e infraestruturas urbana e industrial. Dentre esses profissionais, surgiu uma grande amizade com o Dr. José Wood, Engenheiro Elétrico com quem partilhava dias de andanças pelas rua de Ouro Preto para realizarem desenhos e pinturas.
Ao final da década de 1970, conheceu diversos artistas como Aldo Cardarelli e Takaoka, com quem participou de exposições no Salão Paulista de Belas Artes e foi condecorado com comendas e menções honrosas. A obra "Ponte de Marília", que ilustra o convite anexo, recebeu a Medalha de Prata.
Zé Pio também participou de diversas exposições em Ouro Preto e região.
A trajetória desse monumental artista é a prova de que a perfeição se obtém com a dedicação. O trato cotidiano de suas peças gera uma produção quase ininterrupta de obras de arte. Traço definido e delicado, sutileza nas pinceladas, marcadas pela suavidade, Zé Pio retrata a fineza e escreve sua trajetória buscando a harmonia, sem deixar de experimentar materiais e técnicas, incorporando texturas e novas ferramentas.
Suas obras ilustram diversas publicações, prospectos de divulgação, livros e páginas na internet. Dentre elas, destacam-se:
Pintura a óleo sobre tela: "Antônio Dias", "Fachada de São Francisco de Assis" e "Ponte do Palácio Velho";
Pintura a óleo sobre madeira: "Panorâmica das Mercês";
Pintura aguada em papel: "Ladeira de Santa Efigênia" e "Matriz da Conceição";
Bico de pena: "Praça Tiradentes com Coluna Saldanha Marinho - 1855", "Casa de Aleijadinho", "Rua Getúlio Vargas", "Chafariz de Marília" e a premiada "Ponte de Marília";
Bico de pena colorizado: "O Conjunto Arquitetônico da Rua do Ouvidor" e "O Conjunto Arquitetônico da Praça Antônio Dias";
Desenho a lápis e giz pastel: "Dona Olímpia" (lápis), retrato de sua grande amiga, e "Ancião" e "Chico Tundá" (ambas em giz pastel);
Obras inéditas a lápis e a nanquim, apresentando figuras populares de Ouro Preto: "João Pé-de-Rodo", "Monsueta", "Zé Baiano", "Dona Olímpia", "O Enigmático Pedro Boia" e "Retrato de Sr. Afonso Bretas".
A exposição "A Arte de JPio - José Pio Monte", retrospectiva da obra de Zé Pio, será inaugurada no dia 04 de abril, terça-feira, a partir de 19h, e estará aberta à visitação no Salão Principal da Casa dos Contos até o dia 24 de abril.