Texto: Ana Carolina Vieira / Foto: Eduardo Tropia - ouropress
Prestes a completas 85 anos de vida, dono do bar O Oásis em Ouro Preto desde 1957, fã de futebol, Roberto da Mota Peret é vascaíno com orgulho e guarda na memória cenas do futebol brasileiro, lances, jogadas, craques, vitórias e, principalmente, a derrota para o Uruguai por 2 a 1, de virada, na copa de 1950, sediada pelo Brasil.
“O Brasil só precisava de um empate pra ser campeão do mundo, mais de 200 mil no Maracanã, a maior decepção da minha vida. Agora, depois disso, nunca mais falo que vou ganhar. Tomara que a gente ganhe esse ano, mas eu já estou vacinado”. Nunca foi tão verdade como foi em 50, para ele conectado a um rádio com difícil transmissão, cada fala do narrador ao vivo construía a imagem que poucos tinham acesso, a televisão ainda em preto e branco. Sem televisão e com as fantasias e peripécias do rádio, até hoje Senhor Roberto assiste ao jogo assim. Liga a televisão depois que já escutou o lance só para conferir com os olhos. O rádio conduz uma emoção que nenhuma das novas mídias consegue transmitir.
“Não tenho opção de quem vai ganhar”, explica o vascaíno. "Eu tenho torcida, o Brasil é o favorito. Acredita ainda que o Brasil está vivendo o mesmo cenário de 1950. Exatamente a mesma coisa. O país Copa. Político aproveitando do torneio para ganhar pontos em ano de eleição".
Ao ser questionado sobre a Copa do Mundo, Roberto afirma que essa discussão deveria ter sido feita bem antes de começarem as obras, quando o Brasil foi convidado a sediar o evento “Não adianta gritar agora nem fazer bagunça, temos que aguentar”.
Depois de 64 anos passados, algum palpite? “Torço com o pé atrás, não me iludo. Vamos esperar para ver”, diz.