O Museu da Inconfidência e o Studio Anta, encerram a programação da Galeria Sala Manoel da Costa Athaide, com a exposição Dona Olympia: amor, desilusão, loucura. A mostra, alusiva aos 130 anos de nascimento de Olympia Angélica de Almeida Cotta, tem como objetivo o resgate e a difusão da memória desta notória personagem. A intenção é que a iniciativa seja o início de um processo que reconhecerá a sua importância no cenário cultural de Ouro Preto e, que merecidamente, registre o seu nome na salvaguarda do Patrimônio Imaterial desta cidade histórica.
Neta do Marquês de Paraná, Sinhá Olympia, como também era conhecida, nasceu em Santa Rita Durão, distrito de Mariana, aos 31 de agosto de 1889, no seio de uma família abastada. Aos 40 anos, já residindo com mais duas irmãs em Ouro Preto, teria sofrido uma desilusão amorosa e, a partir de então, sua vida se desenrolou entre delírios e realidade. Perambulando pelas ruas de Ouro Preto, entre o Pilar e a Praça Tiradentes, religiosamente, todos os dias, lá ia Dona Olympia, muito pintada, roupas extravagantes, portando longo cajado ornado por flores e papeis coloridos, balaio no braço e chapéu enfeitado, a contar histórias de outros tempos como se as tivesse vivido: o convívio com o alferes Joaquim José da Silva Xavier e o amor do poeta Cláudio Manoel da Costa. Era em estado de êxtase que contava sobre as longas valsas que dançara com Dom Pedro II, nos salões do Palácio dos Governadores. Entre uma estória e outra, convidava para uma visita ao Museu da Inconfidência. Em meio a fotos que lhe eram solicitadas, Olympia pedia um cigarro, um dólar (em sotaque francês), sempre com elegância e impecável polidez, resultado da educação que tivera.
Reconhecida como um dos ícones de Ouro Preto, Dona Olympia, falecida em 30 de outubro de 1976, ainda vive, imortalizada na lembrança daqueles que viveram o seu tempo. Foi tema de samba enredo da mangueira e musa de Carlos Drummond de Andrade, além de protagonizar filmografia de Luiz Alberto Sartori e de ser homenageada em composições de Milton Nascimento, Toninho Horta, Chiquinho de Assis e Vicente Gomes. Considerada por Rita Lee a primeira hippie brasileira, Olympia dá nome a importantes pousadas, restaurantes, escola de samba e instituições culturais. A sua lápide no Cemitério da Igreja de São José, em Ouro Preto, anuncia apenas o seu descanso, o tempo não pode apagar o que tantas mãos registraram. O seu colorido e a sua alegria estarão sempre presentes nas linhas da história da antiga Vila Rica.
Margareth Monteiro
“Lá vai Ouro Preto embora, todos bebem, ninguém chora”
(Dona Olympia)
Dados da Exposição:
Curadoria:
Margareth Monteiro, Guilherme Horta, Janine Ojeda, Rosalina Assis
Abertura: 13 de dezembro às 18 h
Visitação: 14 de dezembro a 08 de março de 2020
Segunda a quinta de 10 h às 18 h, sexta 10 h às 20 h
Sábado 10 h às 17 h e domingo de 10 h às 14 h
Local: sala Manoel da Costa Athaide, anexo I, Museu da Inconfidência,
Ouro Preto-MGhttps://museudainconfidencia.museus.gov.br
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