No próximo sábado, 6 de junho, a Casa da Ópera de Ouro Preto completa dois séculos e meio de presença no cenário artístico cultural. Erguido em 1770, o teatro consta em inúmeros estudos históricos importantes, como no livro “O Teatro em Minas Gerais: Séculos XVIII e XIX”, do conceituado poeta e especialista no barroco mineiro Affonso Ávila (1928 – 2012).
A pesquisadora Rosana Marreco Orsini Brescia também publicou, em 2012, uma obra dedicada ao espaço considerado ‘o mais antigo teatro em atividade das Américas’. A obra, intitulada “Casa da Ópera de Vila Rica (1770-1822)”, foi lançada pela Paco Editorial do Brasil. Fascinada pela ópera e pela arte de cantar, Rosana publicou também, no ano passado, “Estudos sobre a Cenografia e o Teatro em Portugal”. Ela agora está lançando um livro comemorativo pelo aniversário da Casa da Ópera de Ouro Preto, com imagens do Lucas Godoy e apresentação do ex-secretário de Cultura e Patrimônio Zaqueu Astoni.
Em razão da pandemia, muitas atividades previstas para comemorar os 250 anos da Casa da Ópera de Ouro Preto foram canceladas, mas a data não deverá passar em branco. A Secretaria de Cultura transmitirá ao vivo, pela Internet, diretamente do teatro, uma sessão de causos e poesias com temas que povoam o imaginário popular, apresentada pelo ator Marcelino Xibil Ramos. A Live terá participação especial do músico Vicente Gomes, que é ouro-pretano e fez história como profissional da área técnica da Casa da Ópera de Ouro Preto por muitos anos. A apresentação contará ainda com a presença de convidados e será exibida no dia 6 de junho, sábado, a partir das 16h00, nas redes sociais e no site da Prefeitura.
Sobre a Casa da Ópera de Ouro Preto
A Casa da Ópera de Vila Rica foi construída pelo português João de Souza Lisboa, com apoio do conde de Valadares, governador da Capitania, e de seu secretário, o poeta inconfidente Cláudio Manoel da Costa. Situada próximo à Igreja do Carmo, foi inaugurada no dia 6 de junho de 1770, na comemoração do aniversário do Rei Dom José I. Foi espaço de espetáculos para a elite local e palco para atos políticos como o de Rui Barbosa na Campanha Civilista no início de 1900. Ali, pela primeira vez no Brasil, atrizes negras se apresentaram, no século XVIII. Ao longo dos tempos, a edificação, construída em formato de lira e considerada o mais antigo teatro em funcionamento das Américas, sofreu várias alterações, sua decoração foi atualizada em 1851, mas, a estrutura física foi mantida. Em 1983, durante uma reforma, foram descobertas pinturas antigas de autoria desconhecida, supostamente realizadas entre 1854 e 1862, representando a Comédia e o Drama. Em 2006, com apoio do IPHAN e do Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, o edifício foi restaurado e passou a contar com um anexo para atender às necessidades do público e das produções artísticas. Em 2014, vítima do descaso, com problemas estruturais e de segurança, a Casa da Ópera de Ouro Preto foi obrigada a fechar novamente suas portas. Só foi reaberta em janeiro de 2017, quando a atual gestão municipal assumiu plenamente sua missão de zelar pelo valioso monumento.
Foto: Casa da Ópera comemora 250 anos neste sábado. Ane Souz