O Festival Tudo é Jazz é reconhecido como um dos mais importantes eventos do gênero. Marcado pela pluralidade vai além do estilo musical que celebra, com uma programação composta por artistas brasileiros e de outros países trazendo o que há de mais sofisticado na música atual. Idealizado pela visionária produtora cultural Maria Alice “Biiça” Martins (1951-2020) o Tudo é Jazz já recebeu mais de 1500 músicos e foi apontado pela prestigiada revista Down Beat como um dos 10 melhores festivais de jazz do mundo, ao logo dos seus 17 anos de história.
Excepcionalmente, este ano o festival não será realizado em Ouro Preto, cidade que tem sido sua casa, e acontecerá em formato online, com shows transmitidos via streaming no www.
Parceria de longa data ao longo das edições anteriores, o festival conta com a co-realização da Rede Minas, a primeira emissora pública de Minas Gerais, que este ano completa 35 anos.
A programação contará com nomes como Amaro Freitas, Madeleine Peyroux e Celio Balona, Tulio Mourão e trio (lançamento do novo CD), Natasha Agrama e Rogerio Delayon, Pianissimo Jazz, Marcos Valle e Stacey Kent.
Todas as apresentações foram previamente gravadas pelos artistas, em seus respectivos países e cidades. Em Belo Horizonte as gravações foram realizadas na sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes, espaço que além de ser um dos principais pontos turísticos da cidade é também símbolo das mais diversas manifestações culturais.
Na estréia de cada show os artistas convidados estarão online, em diálogo com o público, reforçando essa possibilidade de interação online. Os interessados poderão acessar o conteúdo e rever as apresentações dos seus shows favoritos. Toda a programação é gratuita.
O Tudo é Jazz reúne a tradição e a inovação, conectando artistas de gerações e nacionalidades distintas, levando ao público o que há de mais relevante na música produzida atualmente, não apenas no Brasil, mas também em outras partes do mundo. O urbano, o clássico e o contemporâneo se encontram neste espaço marcado pela pluralidade sonora onde o jazz é o fio condutor.
A cultura como caminho e o amor pelo jazz
Maria Alice “Biiça” Martins (1951 – 2020) foi a criadora do tudo é Jazz e durante as dezessete edições tem atuado como coordenadora e curadora do festival, em Belo Horizonte e Ouro Preto, além de curadora e coordenadora do “Tudo é Jazz no Porto” em 2013 e do projeto Som Clube, em 2001, 2014, 2016 e 2018 em Belo Horizonte. Nascida em Ponte Nova e formada em arquitetura pela UFMG, o interesse pelo jazz vem ainda da adolescência, quando teve contato com a música negra norte-americana através do intercâmbio cultural que, segundo ela, era muito comum na sua cidade, graças a uma professora chamada Vera Soares que enviava alunos para estudar nos EUA e os mesmos voltavam com vários discos, muitos deles com o ritmo criado pela comunidade afro-americana de Nova Orleans. Apesar da formação acadêmica foi na música que Biiça, como é carinhosamente chamada pelos amigos, se encontrou.
Com intensa trajetória cultural atuou em projetos de grande importância, como a coordenação da 1ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, em 1998, o 1º Tiradentes Jazz Festival, em 2000. Foi responsável também pelas 14 edições Festival da Vida de Mariana, cuja programação contou com nomes como Gringo Cárdia, Benki Pikãko -, Ashaninka entre outros, contando também com grandes nomes da música popular brasileira como Rita Lee, Nando Reis e Maria Betânia.
Com olhar atento para aspectos fundamentais como a diversidade cultural, o fortalecimento da cena local e para os novos artistas, Biiça, indo além do obvio, sempre trouxe como marca das suas curadorias novos e promissores nomes da música, a exemplo de artistas como Thiago Pethit, Cobra Coral, Liniker, Gui Hargreaves, entre outros, evidenciando uma sensibilidade rara, de quem assume um compromisso com o desenvolvimento do cenário musical.
Além da atuação marcante como programadora de grandes festivais, Maria Alice compreendeu cedo a importância do fortalecimento das conexões com os demais elos da chamada cadeia produtiva da música, trazendo para a cidade, além de músicos renomados, jornalistas de importantes, do Brasil e do mundo, a exemplo de Zuza Homem de Mello, jornalista e musicólogo falecido em outubro de 2020, foi a maior especialista em música popular brasileira que se tem notícia.
O Festival Tudo é Jazz 2020 é viabilizado pela Lei estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, com patrocínio da Cemig. Realização: ALCE - Associação Livre de Cultura e Esporte. Co-realização Rede Minas.
Produção: New View Entretenimento e Comunicação
Rádio Oficial: CDL FM
Histórico
Desde 2002, mais de 3000 participantes fizeram parte do festival, a boa parte composta por jovens músicos locais. As consequências culturais e educativas desses encontros podem ser avaliadas no desenvolvimento profissional destes participantes, pois eles tiveram a oportunidade de encontrar seus ídolos e, sobretudo, de se beneficiar dos seus conselhos e de suas experiências. Tudo é Jazz sempre contou com gigantes da música em sua programação, a exemplo de do trompetista norte-americano Terence Blanchard que tem uma longa história de parcerias com o cineasta Spike Lee, o sexteto novaiorquino Underground Horns, o trompetista vencedor do Grammy Nicholas Payton, ganhadores de Ammy, como o lendário contrabaixista Ron Carter, artista que entrou para o Guinnes Book, como o instrumentista que tocou em 2.221 discos, o que o torna o músico de jazz mais requisitado da história. Vale também destacar a trompetista canadense Ingrid Jensen e o grande músico Eumir Deodato, brasileiro que tocou ao lado de grandes nomes do jazz além de ter assinado parte da trilha sonora do filme "2001 - Uma Odisseia no Espaço", onde ficou celebre a música "Also Sprach Zarathustra", além de grandes nomes brasileiros que dialogam ou bebem diretamente da fonte inesgotável do jazz como Toninho Horta e Hermeto Pascoal, entre outros.
Tributos e conexões
Outro destaque do festival são os tributos. Ao longo dos anos o Tudo é Jazz homenageou grandes nomes, ligados direta ou indiretamente do gênero, levando em conta a importância das suas trajetórias. O primeiro homenageado foi Milton Nascimento, artista brasileiro cujas referências também passam pelo jazz. Posteriormente, também foram homenageados os artistas Milles Davis, trompetista considerado um dos mais influentes músicos do século XX, Tom Jobim, numa programação 100% brasileira, com membros da família Jobim participando com as partituras originais reescritas para o jazz, a incrível Billie Holiday.
A qualidade da programação, os diálogos e conexões estabelecidas, além da estrada consolidada, colocam o Tudo é Jazz entre os mais importantes festivais do gênero no mundo.
Programação
Quarta dia 25: 20h
Amaro Freitas
Madeleine Peyroux feat Celio Balona
Amaro Freitas
A cultura de Pernambuco transborda naturalmente no estilo de Amaro Freitas, pianista e compositor de 27 anos que é uma das grandes revelações do jazz brasileiro recentemente.
Influenciado pelo mestre do frevo Capiba, por Moacir Santos, Hermeto e Gismonti, mas também pelas grandes referências do piano jazz como Monk, Jarrett ou Corea, lançou o seu disco de estréia Sangue Negro em 2016 e conquistou de imediato a crítica, que nele encontrou uma nova vida no piano jazz, e o Prêmio MIMO Instrumental de 2016.
Madeleine Peyroux feat Celio Balona
Célio Balona e Madeleine Peyroux se encontram no Tudo é Jazz.
Célio Balona é um dos grandes nomes da música mineira, se destacando como compositor, arranjador, tecladista e acordeonista, uma verdadeira referência da arte sonora. Já a cantora de jazz norte-americana. Madeleine Peyroux traz sua fusão de jazz, blues, folk, soul-funk e pop, multiplicidade sonora que traduz sua inquietação artística. O encontro destes dois talentos traduz a relação com o jazz para além das fronteiras e das gerações.