A origem do carnaval está na antiguidade, nas festas e rituais de fertilidade da terra. Povos como os egípcios, mesopotâmios, gregos e romanos celebravam as grandes colheitas e louvavam suas divindades.
Nestas festas os papéis eram invertidos, era a subversão social quando homens se vestiam de mulheres, senhores tomavam o papel dos escravos e estes o dos senhores. As festas greco-romanas dedicadas a Baco – deus do vinho – chamadas bacanais, estavam associadas aos prazeres da carne e à embriaguez.
As mais importantes festas realizadas na Roma antiga eram chamadas – Saturnais – homenagem a Saturno, deus da agricultura. Na ocasião as escolas eram fechadas, os escravos eram soltos e os romanos dançavam nas ruas. Até carros alegóricos desfilavam com homens e mulheres nus e eram chamados carrum navalis - carro naval, que pode ser a origem da palavra carnaval. Entretanto, a maioria dos pesquisadores acreditam que esta palavra vem de carnem levare que significa adeus à carne. Isto porque com o advento do cristianismo estas festas pagãs foram incorporadas pela Igreja Católica, então o carnaval passou a ser comemorado nos três dias que antecedem a Quaresma. O carnaval é um período de liberação total onde se bebe muito e se come principalmente carne. Era como se fosse uma despedida da liberação total para entrar na Quaresma, quando os cristãos oram, se penitenciam e jejuam. Assim o carnaval passou a ser uma festa oficial do calendário cristão. Em sentido figurado o carnaval pode significar folguedo, folia, confusão.
A variação da data do carnaval no calendário se dá por sua ligação com a Páscoa. No hemisfério sul, a Páscoa sempre acontece no primeiro domingo após a primeira lua cheia de outubro. Determinada a data da Páscoa, é só voltar 46 dias no calendário - 40 da Quaresma e 6 da Semana Santa – e se chega à Quarta-feira de Cinzas.
No Brasil o carnaval chegou com a colonização portuguesa e era basicamente o entrudo, uma brincadeira de jogar água, que podia ser também lama, laranjas, limão de cheiro e ovos. Havia uma verdadeira guerra de água. Também já havia o costume dos homens se vestirem de mulher. Esse costume de jogar água ou cheiros nas folias de rua deram origem à lança-perfume, muito popular em bailes de carnaval e nos folguedos de rua.
No século XIX se popularizaram as fantasias e máscaras. Foi quando surgiram no Rio de janeiro os primeiros blocos. O primeiro de que se tem notícia foi organizado por um sapateiro português chamado José Nogueira de Azevedo Prates, o Zé Pereira. Em 1846 ele saiu pelas ruas do Rio tocando um bumbo. Isto entusiasmou outros foliões se se juntaram a ele formando o primeiro bloco de carnaval de rua.
Este senhor se mudou para Ouro Preto em 1867 para trabalhar no Palácio dos Governadores. Foi quando surgiu na cidade, o bloco Zé Pereira Clube dos Lacaios, organizado pelos funcionários do Palácio. O bloco ainda sai pelas ruas de Ouro Preto e é considerado o mais antigo bloco do país, ainda ativo. Ele tem como características os bonecos gigantes – o catitão, a baiana e o Benedito – o boi, os capetinhas (cariás) que abrem o desfile. Tem ainda o boi, as lanternas e a vestimenta de seus membros que consiste em fraque e cartola, uma sátira às autoridades. Seu toque é único e contagiante. Este bloco faz a alegria de crianças e adultos, o maior charme do carnaval de Ouro Preto.
Rei Momo, figura gorda que abre o carnaval, se inspira em Momo, deus grego do sarcasmo e do delírio. Ele usava um gorro com guizos e segurava em uma mão uma máscara e na outra uma boneca. Vivia rindo e debochando dos outros deuses. Este jeito esculachado lhe custou a expulsão do Olimpo. Sua figura foi incorporada a festas que envolviam sexo e bebida.
No Brasil a tradição de eleger um rei Momo surgiu no Rio de Janeiro e de lá se espalhou por várias cidades.
O carnaval foi se modificando com o passar do tempo e sob a influência de várias culturas que compõem o caldeirão racial do Brasil. Nos anos 30 – 50 surgiram as marchinhas de carnaval. Destaque para “Ó Abre Alas” de Chiquinha Gonzaga.
No final do século XIX existiam no Rio de Janeiro as chamadas Sociedades Carnavalescas, clubes sociais que promoviam desfiles pelas ruas, usavam alegorias geralmente sátiras contra o governo. Os membros destes grupos eram da elite e competiam entre si. Havia também os Cordões Carnavalescos e os Ranchos que dançavam ao som de marcha-rancho e eram de iniciativa popular.
Estas manifestações foram evoluindo e deram origem às Escolas de Samba juntamente com o samba moderno. O primeiro concurso oficial de Escolas de Samba aconteceu em 1932 com a participação de 19 escolas. Foi um sucesso!
Com o tempo os quesitos exigidos foram se definindo até chegar ao grande espetáculo que é hoje o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Este costume se espalhou por muitas cidades e hoje temos grandes desfiles em outras capitais do país.
A primeira Escola de Samba de Ouro Preto foi a Império do Morro Santana em 1957. Depois surgiram várias outras que desfilam pela praça Tiradentes com presença maciça da população. Pessoas de todas as idades e de todos os cantos marcam presença prestigiando suas escolas favoritas. Na praça se posiciona o palanque onde ficam os jurados e autoridades, entre as quais o rei Momo e a Rainha do Carnaval. Hoje Ouro Preto tem seis Escolas de Samba e muitos blocos, sendo os mais antigos e tradicionais o Zé Pereira dos Lacaios, o Bloco Vermelho e Branco, o Bloco da Barra, o Bloco do Caixão e a Bandalheira. Existe ainda uma infinidade de novos blocos que desfilam durante o dia pelas ruas da cidade. Sua saída tem dia e hora programada pela Prefeitura para maior conforto dos seus componentes e dos foliões.
O último dia de carnaval costuma ser o mais animado e terminava, nos velhos tempos, na terça feira à meia noite em ponto. Isto por um motivo forte: a partir da meia noite já começa a Quaresma e sobre esta falaremos num outro momento.
Foto Pintura de José Efigênio