A mostra Bracher – Pintura & Permanência que estreia em Belo Horizonte, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) reúne 86 obras e inclui performances, ao vivo, do artista mineiro. Em 2015, o projeto circulará pelos CCBBs do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
A retrospectiva Bracher – Pintura & Permanência coloca, definitivamente, o artista Carlos Bracher entre os mestres da pintura brasileira. O mineiro rompeu limites e é reconhecido mundialmente. Ao celebrar os 57 anos dedicados à arte, o "pintor", como gosta de ser lembrado, inaugura exposição retrospectiva na capital mineira, no dia 11 de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Circuito Cultural Praça da Liberdade.
São 86 obras representando todas as fases da carreira do artista, incluindo telas a óleo, desenhos, aquarelas, além de livros, catálogos, fotos e objetos pessoais. A curadoria é assinada por Olívio de Tavares Araújo em parceria com o próprio artista
A coletânea tem ambientes assinados pelo cenógrafo Fernando Mello da Costa, com painéis interativos que convidam o público a entrar no universo de Bracher, reproduzindo suas pinceladas fortes e intensas. Na montagem, o famoso ateliê de Ouro Preto e o Castelinho dos Bracher, onde passou a infância e juventude, em Juiz de Fora ganham forma cenográfica.
O artista fará performances e intervenções ao vivo. O público poderá participar e acompanhar o processo catártico e explosivo, uma das marcas de sua criação. Essa interação propõe um olhar dinâmico e reflexivo, do que seja o ato, em si, de pintar.
O conjunto traz retratos, umas das marcas registradas do mineiro, incluindo autorretratos; além de paisagens mineiras; marinhas; naturezas-mortas; cenas do cotidiano e as séries Homenagem a Van Gogh; Do Ouro ao Aço; Brasília; Petrobras e a recém-concluída Série Aleijadinho.
Uma reverência ao público deste mestre, evidenciando a evolução de cada fase: a obscura e questionadora dos anos 60; a cubista dos anos 70; o romantismo dos anos 80; o modernismo caótico dos anos 90; a maturidade artística e coroamento de seu estilo tempestuoso dos anos 2000.
Após a passagem por Belo Horizonte, a exposição irá itinerar pelas demais unidades do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo (27/01 a 02/03); Rio de Janeiro (31/03 a 18/05) e Brasília (26/05 a 29/06).
SOBRE O ARTISTA
Aos 73 anos, Bracher entra definitivamente para a galeria dos grandes mestres da pintura brasileira. Mineiro de Juiz de Fora, nos anos 70 o artista escolhe Ouro Preto como morada. Nesta cidade, ganha projeção por pintar o casario colonial, igrejas e montanhas de Minas.
Inquieto, frenético e investigativo o artista se lança a vôos mais altos: na década de 90 inicia uma sequência de Séries Temáticas. A primeira, lhe dá projeção internacional. Em 1990, Bracher percorre os caminhos do também pintor expressionista Van Gogh, realizando a série Homenagem à Van Gogh, com 100 telas pintadas no centenário de morte do artista, dando vazão a uma paixão de adolescência. Com a série, o artista é convidado a expor em importantes museus da Europa, América e Ásia.
Bracher é o Brasileiro que mais expôs no exterior, realizando individuais, há mais de 40 anos, em galerias e museus de Paris, Roma, Milão, Londres, Rotterdam, Haia, Madri, Lisboa, Montevidéu, Santiago do Chile, Bogotá e Kingston.
Foi o primeiro brasileiro a expor na China, a convite do governo chinês, dentro do Palácio Imperial da Cidade Proibida, em Pequim, sendo este feito considerado um marco na abertura das relações culturais com o oriente. A exposição foi exibida também em Tóquio, na Universidade das Nações Unidas (ONU).
Em 1992 lança seu olhar ao mundo industrial, pintando a série Do Ouro ao Aço, sobre a siderurgia em Minas Gerais. Os parques industriais da Belgo Mineira (hoje Arcelor Mittal) e também Usiminas ganham em suas telas a alcunha de Catedrais Siderúrgicas, numa referências entre as igrejas barrocas e as chaminés e auto-fornos.
Na Série Brasília, de 2007, faz homenagem a Juscelino Kubistchek, pintando 66 quadros nas ruas e esplanadas da capital expostos no Museu Nacional, projeto de Niemeyer.
Em 2012, realiza a Série Petrobras, imprimindo visão artística ao mundo industrial do petróleo. Pinta, in loco, as principais refinarias da empresa com a produção de 60 obras, entre pinturas e aquarelas.
Agora, em 2014, data dos 200 anos da morte de Aleijadinho, acaba de realizar a Série Aleijadinho, fazendo uma releitura contemporânea sobre a obra do grande mestre do Barroco.
Atualmente uma retrospectiva com 50 quadros, produzidos entre 1961 a 2006, percorre diversas cidades européias e já esteve em Moscou, Frankfurt, Praga, Estocolmo, Bruxelas, Bruges, Basilea, Dusseldorf, Luxemburgo e Gotemburgo.
O artista é dos únicos na atualidade a dominar a arte de retratos ao vivo, tendo pintado mais de 300, incluindo os de Vinícius de Moraes, Jorge Amado, Chico Buarque de Hollanda, Milton Nascimento, Maria Bethânia, Oscar Niemeyer, Ferreira Gullar e Affonso Romano de Sant'Anna.
Nesses 57 anos de pintura recebeu entre inúmeros outros, a láurea máxima do Salão Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro, o Prêmio de Viagem ao Exterior e o Prêmio Hilton de Pintura, colocando-o entre os 10 artistas de maior influência nas Artes Plásticas, ao lado de Siron Franco, João Câmara e Tomie Ohtake.
Seus trabalhos fazem parte de grandes coleções: Museus de Arte Moderna do Rio e de São Paulo; Museu Nacional de Belas Artes; Museu Oscar Niemeyer; Palácio do Itamaraty; Gilberto Chateaubriand; Roberto Marinho; Museu Vaticano; Casa Rosada; Gianni Agnelli; Henry Kissinger e Tony Bennett.
SERVIÇO:
EXPOSIÇÃO "BRACHER – PINTURA & PERMANÊNCIA"
De 11 de novembro de 2014 a 12 de janeiro de 2015
Visitação: Quarta à segunda, de 9h às 21h
Centro Cultural Banco do Brasil – Praça da Liberdade, 450, Funcionários, BH
Realização: Larissa Bracher Produções Artísticas e Ministério da Cultura
Patrocínio: CBMM, BDMG, USIMINAS e BRASILCAP
Incentivo: Lei Federal de Incentivo à Cultura
Texto: Rafael Araújo e Blima Bracher