Texto e foto: Giovanna de Guzzi
Fotos do álbum: Ouropress
Quem visitou Ouro Preto nas últimas duas semanas, viu um cenário fora do comum. No dia 21 de abril, em especial, a praça Tiradentes e parte da Rua Direita (entre outros locais) estavam fechados, ou parcialmente fechados, por conta do evento “Medalhas da Inconfidência”. A solenidade homenageia aqueles que, de alguma forma, ajudaram Minas Gerais a crescer. Quem passeou pelas ruas ouro-pretanas hoje não viu nada além de caos. Entre turistas que tentavam conhecer a cidade, inúmeros policias nas ruas e moradores que tentavam chegar em suas casas, o que se viu foi um apartheid social. A cerimônia, onde apenas convidados e imprensa entram, causou transtorno e revolta.
Um grupo de pessoas se reuniu na Praça Reinaldo Alves Brito, no Centro, com o intuito de protestar contra a desigualdade gerada nessa data. “Nós criamos o evento no facebook para juntar as pessoas e demonstrar nossa insatisfação com essa solenidade, que é financiada com dinheiro dos impostos que nós pagamos, e ainda vetam nosso direito constitucional de ir e vir”, afirma Sara, moradora de Ouro Preto.
Na confeccção dos cartazes com reivindicações, alguns turistas se juntaram ao grupo para discutirem suas experiências e suas insatisfações com a desorganização e despreparo da cidade para recebê-los. “Não sabia desse evento que deixou a cidade intransitável. Isso é um absurdo com o turista que paga para vir aqui. Isso é uma falta de respeito.”, desabafa a carioca Odinéia Marques, 49.
A cerimônia começou por volta das 19h, e era possível escutar as vaias e gritos dos manifestantes. Os políticos, que discursavam sobre liberdade no grande palco montado em frente ao Museu da Inconfidência, entretanto, pareciam não perceber (ou ignoravam) o que estava acontecendo e o evento seguiu sem transtornos para os convidados.
Segundo o assessor de comunicação da polícia militar, o tenente coronel Alberto Luiz, a população ainda tem muito o que aprender quando se trata de democracia e liberdade. Afirma que, por conta da incivilidade da população, há a necessidade do cerceamento das ruas. Ele ainda concorda que as ruas de Ouro Preto não são propícias para esse cerceamento. Entretanto, ele acredita que se não o houvesse, as pessoas atrapalhariam uma solenidade que é para a população também.