Dia 8 de março é comemorado o Dia da Mulher, entretanto os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) não são nada animadores: entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios, ou seja, casos de assassinatos exclusivamente por questões de gênero. Questiona-se o porquê, pois mesmo com leis que protegem as mulheres, essas agressões ainda são culturalmente permitidas. O professor do Departamento de Educação (Deedu) da UFOP, Marco Antônio Torres, faz um resgate histórico do problema e apresenta maneiras de romper com esses paradigmas e chegar a uma sociedade pautada pela igualdade entre homens e mulheres.
Em sua participação no projeto UFOP Conhecimento, o docente explica que, com o advento da ciência, a teoria de que Deus criou a mulher a partir da costela do homem já não era suficiente para justificar a submissão feminina. No século XIX, surgem teorias que buscavam substituir o pensamento religioso pelo pensamento lógico, mas que, ainda assim, legitimaram as mulheres como seres inferiores aos homens por possuírem diferentes características biológicas. "A mulher era considerada um ser embutido, o que seria capaz de produzir gases que atingem a cabeça, e isso faria delas um sujeito emotivo, descontrolado", esclarece. Por essa provável falta de razão, as mulheres deveriam sempre estar sob a tutela do homem, e esses entendiam que tinham o direito de dominar aquele corpo.
Embora esses argumentos não sejam mais aceitos, resquícios desse pensamento permanecem na sociedade e influenciam a maneira como são estabelecidas hierarquias das mulheres perante os homens. A evolução das discussões em torno do tema garantiu, mais recentemente, que as mulheres estejam protegidas por mecanismos do Estado, como a Declaração dos Direitos da Mulher e do Cidadão, a Lei Maria da Penha e a criação de delegacias especializadas em crimes contra a mulher. Ainda assim, para o professor Marco Antônio, no Brasil, "a Lei Maria da Penha é um registro de que as mulheres continuam sendo alvo da violência".
Como mecanismo de rompimento acerca da persistência da violência contra a mulher na sociedade, o professor acredita que o melhor caminho é a educação nos espaços da família, na escola e na mídia. "Essas são maneiras fundamentais para que a sociedade reconheça a igualdade de direitos entre o homem e a mulher", finaliza.
Assista ao depoimento do professor na íntegra em UFOP Conhecimento, que também está disponível no site da UFOP:
https://www.youtube.com/watch?v=j2DNJaASQOQ