Desde janeiro de 2015, a organista Elisa Freixo, responsável pela Série de Concertos Regulares do Órgão da Sé, de Mariana/MG, conta com o apoio de uma nova organista residente. A portuguesa Edite Rocha divide com Elisa a responsabilidade sobre os concertos do único Órgão da manufatura de Arp Schnitger em atividade fora da Europa. Edite Rocha substitui a organista Josinéia Godinho, que deixa o projeto para se dedicar a projetos pessoais.
A Série de Concertos do Órgão da Sé acontece desde 1984, quando o restauro do Arp Schnitger foi entregue à comunidade. As organistas e músicos convidados promovem concertos todas as sextas-feiras, às 11h30, e aos domingos, às 12h15. Os ingressos podem ser adquiridos na Cadetral da Sé, a partir de R$ 30 (inteira).
As organistas
Edite Rocha, portuguesa, é graduada pela Universidade de Aveiro (Portugal) na área específica de Órgão de Tubos. Recebeu uma bolsa de intercâmbio Erasmus para estudar no Conservatório de Música de Perpignan, na França. Posteriormente estudou em Paris e prosseguiu os seus estudos na Escola Superior de Música Antiga, Schola Cantorum Basiliensis, tendo concluído o Mestrado em 2004, com o apoio do Gabinete de Relações Internacionais do Ministério da Cultura de Portugal. Em 2010, concluiu seu Doutorado em Música na Universidade de Aveiro e recebeu o Prémio de Pesquisa Histórica de Elvas pelo trabalho desenvolvido em sua tese, publicada em livro. Iniciou um pós-doutoramento com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal. Entretanto, ao longo da sua carreira acadêmica, que inclui várias publicações que unem a parte musicológica à componente prática da interpretação musical, Edite Rocha tem realizado vários concertos de órgão a solo, com coros, ensembles e orquestras em vários países europeus e no Brasil. Entre 2006-2013 foi professora de órgão do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro e, no ano de 2013-2014, foi professora visitante da UFMG, em Musicologia. Recentemente, colabora como organista do Ars Nova, Coral da UFMG, sob direção de Iara Frick Matte. É professora na UEMG e paralelamente é Presidente da Direção da Associação Musical Pro-Organo (AMPO) e membro Integrado do Centro de Pesquisa INET-md (Portugal) e NEMuB (UFMG).
Elisa Freixo tem uma das mais importantes carreiras do País na atualidade. Após ter concluído seus estudos no Brasil, viveu quatro anos na Europa. Estudou órgão e cravo, tendo cursado a Escola Superior de Música e Artes Cênicas de Hamburgo, Alemanha, a Schola Cantorum de Paris e o Conservatório Nacional de Rueil Malmaison, França. De volta ao Brasil em 1982, vem se apresentando aqui e no exterior em inúmeros concertos de órgão, cravo e fortepiano. Desenvolve uma atividade paralela como camerista. Reside hoje em de Tiradentes, Minas Gerais. É responsável pela série de concertos no órgão histórico Arp Schnitger, instalado na Catedral da Sé de Mariana/MG, pelos concertos regulares ao Órgão da Matriz de Tiradentes/MG e ao órgão do Museu Regional de São João del-Rei/MG. A partir de 1985, gravou discos e CD’s, alguns de produção independente, dedicados a obras de J.S.Bach, Mendelsohn, autores românticos, e uma série dedicada ao órgão da Sé de Mariana. Seu primeiro CD, com o selo Auvidis-Valois francês, dedicado ao repertório espanhol do século XVIII, recebeu um prêmio inédito entre artistas brasileiros: o Grand Prix du Disque da Nouvelle Academie Française, uma das distinções mais importantes do mercado fonográfico mundial.
O Órgão Arp Schnitger
Órgão Arp Schnitger, da Catedral da Sé de Mariana, é um verdadeiro tesouro musical. Foi construído na primeira década do século XVIII, em Hamburgo, Alemanha, por Arp Schnitger (1648-1719), um dos maiores construtores de órgãos de todos os tempos. Enviado inicialmente a uma igreja franciscana em Portugal, o órgão chegou ao Brasil em 1753, como presente da coroa portuguesa ao primeiro Bispo de Mariana.
É um instrumento de grande importância, tanto pela sua antiguidade e comprovada autoria, quanto por ter sido objeto de um amplo trabalho de restauração. Entre os órgãos da manufatura Schnitger que sobreviveram até hoje, esse é um dos exemplares mais bem conservados e o único que se encontra fora da Europa. Desde sua instalação, em 1753, o órgão Arp Schnitger foi o centro de uma intensa atividade musical na Sé de Mariana, cuja memória escrita é o acervo de partituras do Museu da Música, que abriga obras de compositores do período colonial, de várias cidades do Estado e do País. Após muitos anos de funcionamento ininterrupto, nos quais por algumas vezes recebeu algumas modificações visando adaptá-lo ao gosto vigente na época, por volta da década de 1930 o órgão da Sé parou de funcionar.
Somente na década de 1970, após pesquisas sobre a sua procedência e do reconhecimento de sua importância para o acervo de instrumentos musicais brasileiro e mundial, foi feito um esforço concentrado para a restauração do instrumento. Seus elementos musicais foram enviados para Hamburgo, na Alemanha, onde foram reformados sob os cuidados da empresa von Beckerath. Enquanto isso, uma equipe brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a orientação de Beatriz Coelho, restaurava a estrutura interna e externa da caixa e as partes que compõem a decoração do instrumento. Nesse primeiro trabalho, o grande mérito foi trazer o instrumento de volta à vida usando as conquistas técnicas da época, sem destruir os sinais das fases anteriores, valiosíssimos no caso de uma restauração posterior com enfoque mais histórico. Desde 1984, o Órgão Arp Schnitger da Catedral da Sé de Mariana voltou a fazer parte do cenário musical da cidade.
Serviço:
Concertos do Órgão da Sé - Mariana/MG
06/03 - sexta-feira
11h30 - Edite Rocha
08/03 - domingo
12h15 - Edite Rocha
Ingressos a partir de R$ 30 (inteira)
Foto divulgação: Edite Rocha (arquivo pessoal)