20/09/2014
Tânia Mazzoni
Coluna Gê Fortes
Uma honraria do destino ter nascido em Ouro Preto, subindo e descendo ladeiras respirando arte, arquitetura tradição e história, me tornei conservadora de obras de arte. Fui aluna de Jair Inácio, quando a FAOP era uma escola livre, iniciei no campo profissional com Adriano Ramos, ouro-pretanos preocupados com a preservação do nosso patrimônio.
Nesta caminhada de 34 anos de profissão, me tornei uma ferrenha defensora da manutenção e conservação, seguidora fiel da Carta de Veneza. Morei em Firenze por quase 20 anos estudando aprendo e vivendo numa sociedade bem diferente da nossa. Estudei na Università Degli Studi di Firenze, a ciência para conservação dos bens culturais, abrindo possibilidades de pesquisas e conhecimentos teóricos científicos sobre esta complexa profissão de conservadora.
Acredito que o intervento conservativo, não permite em hipótese alguma competir com original, tentando retornar como original aquilo que não é. A memória cultural artística de Ouro Preto e Distritos necessitam de organização, fiscalização, respeito, educação e manutenção. Este patrimônio necessita ser transmitido no tempo, cuidando e preservando a riqueza de sua importância e significado.
A conservação e manutenção não é somente um problema técnico. Em muitas ocasiões, transforma se em problema de gestão dos bens culturais que vai muito alem de seus limites e interesses públicos. Da ótica de quem tem responsabilidade de gerir, administrar e fiscalizar a questão é árdua, com numerosas contradições, opiniões e normas rígidas. Este é um mundo complexo que exige um repensar da sociedade responsável e, autoridades, órgãos públicos e privados, para se fazer respeitar o direito a manutenção e conservação dos monumentos de Ouro Preto.
Ha dois anos estou em Brasília com meu ateliê itinerante, In Loco Manutenção e Conservação de Obras de Arte, tendo como proposta a realização de manutenção e conservação em acervos particulares e públicos, com o uso de técnicas que estabilizam o processo degradativo, melhorando a leitura estética da matéria que compõe esta obra de arte, sem competir com o original. No facebook existe uma pagina onde apresento este trabalho realizado aqui em Brasília, não posso deixar de agradecer a estes amigos, Ilda Barroso, Márcia Valadares e Mauro Malin,que me incentivaram,ensinaram e apoiaram a minha vida profissional.
Agradeço a Gélcio Fortes pelo convite de expor meu ponto de vista e aos ouro-pretanos meus conterrâneos generosos e acolhedores. Estarei sempre á disposição da minha cidade e nunca se esqueçam, o bem maior que temos está na excelência do barroco mineiro, onde cada monumento é único e merece todo nosso respeito. Preservem!